<P>A navegação brasileira, que por décadas passou pelo ostracismo agora ressurgiu com o programa de revilitação da indústria naval. Entretanto, ainda enfrenta a falta de mão-de-obra especializada. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que para este ano haverá um défict de 456...
Gazeta MercantilA navegação brasileira, que por décadas passou pelo ostracismo agora ressurgiu com o programa de revilitação da indústria naval. Entretanto, ainda enfrenta a falta de mão-de-obra especializada. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que para este ano haverá um défict de 456 oficiais da Marinha Mercante no país. Essa é uma das conclusões do Diagnóstico da Disponibilidade de Oficiais de Marinha Mercante de 2008 a 2013, pesquisa realizada pela Escola Politécnica da USP.
Até 2010, o setor marítimo deve enfrentar desequilíbrio de 25% na oferta de profissionais da marinha mercante em relação à demanda de oficiais para as áreas de cabotagem, longo curso, apoio marítimo e Transpetro/Petrobras, com o atual ritmo de crescimento do setor previsto. Para o período até 2013, esse percentual deve elevar para 31%, segundo conclui o mesmo estudo.
O vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) e presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM), Ronaldo Lima, disse que a falta de mão-de-obra qualificada até agora foi suprida por rearranjos das empresas. Geralmente estabelecemos um número maior de horas extras e conseguimos suprir a demanda. Mas, com a número crescente de embarcações que entrarão em operação, essa manobra será impossível. Vai faltar profissional no Brasil, afirmou Lima. A expansão do mercado, principalmente para embarcações de apoio marítimo e para a Petrobras, será de 237 navios de transporte e apoio marítimo até 2013.
Lima ressaltou que no País há somente duas escolas que formam oficiais de marinha mercante, todas ligadas à Marinha brasileira, uma no Rio de Janeiro, o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga) e uma em Belém Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (Ciaba). Por ano, formam-se cerca de 400 profissionais, mas nem todos ingressam na navegação. O curso é de nível superior e muitos optam pela carreira pública e fazem concursos, disse. De acordo com a pesquisa, 66,7% dos formandos não entram no mercado de navegação.
Além disso, há no Brasil uma resolução do Conselho Nacional de Imigração que obriga a contratação de brasileiros em embarcações estrangeiras que atracam no território nacional. Pela regra, se o navio ficar até três meses no País um terço de sua tripulação deverá ser composta por profissionais brasileiros.
Se a embarcação ficar seis meses deverá ter 50% de brasileiros e se ficar um ano, dois terços deverão ser do País. Isso tira profissionais do apoio marítimo nacional, ressaltou. Segundo Lima, o sindicato já pediu uma flexibilização do Conselho de Imigração para que suspenda a resolução até que se forme mais profissionais no País, equalizando o déficit.
A atual carência de oficiais brasileiros é administrável, porém o crescimento dessa carência, sem intervenção governamental, poderá afetar negativamente o desenvolvimento das atividades de marinha mercante, disse Lima.
O estudo sugere ainda que o governo brasileiro amplie a capacidade das escolas, permitindo que instituições particulares ministrem o curso para formação profissional. Somente com os dois centros, a previsão é que as escolas operem com 82% de sua capacidade de 2008 a 2010 e a 100% em 2010 em diante, cerca de 544 oficiais serão formados por ano. Mas, ainda assim, haverá carência de oficiais, o que justificaria a abertura, por 4 anos, das águas brasileiras para oficiais estrangeiros, impondo-se procedimentos que garantam a qualidade da mão-de-obra estrangeira, afirmou Lima.
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