Com um estaleiro perdido para o Estado de Pernambuco e outro em análise de localização pela Transpetro, o Ceará está no "radar" de um grupo empresarial chinês, que, há cerca de um ano, vem estudando o litoral do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, para implantação de um estaleiro para construção de plataformas petrolíferas e grandes navios FPSO (Floating Production Storage and Offloading). Este tipo de embarcação flutuante é utilizada pela indústria naval para produção, armazenamento e descarregamento de petróleo e gás, em alto mar, em águas profundas.
Os navios FPSO são projetados para receber o óleo ou o gás produzido a partir de plataformas próximas ou submarinas modelo; processá-lo e armazená-lo, até que os produtos possam ser transferidos para um tanque ou transportados através de um gasoduto.
A informação sobre o estudo do novo estaleiro, que transcorre paralelamente ao da Transpetro, foi confirmada ontem, pelo ex-presidente da Adece, deputado Federal eleito, Antônio Bahlmann. Segundo ele, a área do Pecém vem sendo estudada como opção em função da profundidade do calado da área e da proximidade com o porto.
Conforme explicou, o estaleiro seria construído em duas plataformas: uma na faixa de praia, onde seria instalada a base naval, para construção das partes isoladas dos navios; e outra estrutura "offshore", onde seria montada a embarcação e realizados os acabamentos.
De acordo com ele, essa separação pode ser feita, apesar de elevar bastante os custos de implantação e operação.
A maior dificuldade, explicou, está na logística e no transporte das partes do navio pré-montadas em terra até o píer de montagem, distante da costa. "Isso certamente encarece o projeto, que só pode ser viabilizado com a construção de grandes navios, como os FPSO", frisou. Ele não revelou o nome do grupo empresarial chinês interessado no estaleiro do Pecém.
Infraestrutura
Os problemas de infraestrutura dos portos brasileiros foram também destacados pelo jornalista George Vidor. Palestrante da tarde de ontem do V Seminário SEP de Logística, que transcorre até hoje, em Fortaleza, Vidor defendeu tratamento diferenciado para os terminais portuários no governo da presidente eleita, Dilma Rousseff.
Profissionalização
Para ele, é fundamental manter a profissionalização (no setor) e a mesma linha de ação já delineada (no atual governo). Ao fazer uma exposição rápida da conjuntura econômica do Brasil, Vidor alertou para alguns desafios do novo governo: a infraestrutura de portos, aeroportos e estradas, a elevada carga tributária, a resistência corporativa de alguns segmentos, a aposentadoria e as desigualdades regionais. "O PIB do Nordeste, equivale ao da Região Metropolitana de São Paulo", comparou. Para ele, "algo está errado". No sentido de descentralização, ele citou a importância de uma refinaria de petróleo à economia de um Estado ou região. "O PIB da Bolívia é igual ao de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, por conta da Reduc" (Refinaria Duque de Caxias), exemplificou.