Redação TN Petróleo/Assessoria
O Brasil está enfrentando, sem sombra de dúvidas, a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. A situação é preocupante em diversos aspectos e afeta diretamente a vida da população brasileira. Economizar não é mais uma opção e sim questão de sobrevivência. Mas como chegamos até esse momento crítico atual? Quais os impactos desse período complexo na sociedade? E quais os estragos ambientais?
Usando a sigla ESG, do inglês "Environmental, Social and Governance", geralmente usada para medir as práticas ambientais, sociais e de governança, o especialista em Resíduos Sólidos Rafael Zarvos (foto), fundador da Oceano Resíduo, certificado em ESG pela PUC e pela Exame Academy & Trevisan Escola de Negócios, esclarece que a principal virada de chave teria sido a criação de um comitê estratégico dentro da política pública. "O Poder Publico tem que ter uma agenda ESG, não é só para a inciativa privada. Faltou estratégia para driblar os riscos enquanto havia tempo para tal. Temos que considerar que o passado nos ensina muito, tem que estar disposto a olhar o histórico do nosso pais para projetar o futuro", analisa o advogado e ativista ambiental.
De acordo com o relatório divulgado pelo Mapbiomas, nas últimas 3 décadas o Brasil perdeu cerca de 15,7% de sua superfície de água, isso equivale a uma retração de 31 mil km, mais de 1,5x da superfície de água da região do Nordeste. Os estados de Roraima, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentam o maior índice de perda do Brasil, mas o bioma brasileiro inteiro está pedindo socorro. "Vai muito além só das questões de mudanças climáticas. As estiagens são reflexo do uso irregular dos nossos recursos naturais, das queimadas desenfreadas, da irresponsabilidade humana perante o nosso meio ambiente", explica Zarvos. Um desses danos que estamos vivenciando é o exemplo da Cantareira, que abastece a cidade de São Paulo, que é abastecida pelas chuvas vindas da Amazonia. O desmatamento na região é o principal motivo para que os ventos que chegam trazendo chuva à região central do país, venham trazendo cada vez menos água. "A questão é que esse movimento da natureza vem sendo apresentado desde 2013, e de lá para cá, pouco ou quase nada foi feito para reverter", reflete o especialista.
As consequências de toda essa crise hídrica vão para além de somente viés ambiental, afetando a economia do Brasil, bem como o quesito social. Um primeiro impacto é o aumento na conta de luz. Em 2021, a Agência Nacional de Energia Elétrica aumentou o preço de cada 100kwh na bandeira vermelha patamar 2, hoje há um novo status de bandeira tarifária de escassez hídrica. A solução, nesses casos, é usar as termelétricas, que além de poluírem o ar, tem um custo operacional maior, e por isso, o valor da conta dispara. "Acontece que o aumento na conta de luz, provoca um efeito dominó em todos os outros custos de produção. Precisamos de energia para a esmagadora maioria de atividades. E com a elevação da luz, dos serviços, dos bens de consumo, aumenta também a inflação. Que por sua vez, aumenta a taxa de desemprego e diminui o poder de compra da população. Imagine só um país que mal se recupera da crise econômica causada pela pandemia, enfrentar mais uma questão como essa?", indaga o advogado.
O impacto total da escassez hídrica no Produto Interno Bruto do Brasil ainda é uma incongnita para os economistas e especialistas. E o que vai definir as medidas drásticas, como racionamento de energia, depende diretamente da nossa natureza, que providencie as chuvas para abastecer os reservatórios. No entanto, Zarvos acredita que cada um tem o seu papel nessa missão de reverter o quadro. "Precisamos da conscientização e educação da população, bem como que as autoridades sejam mais assertivas em decisões que venham a impactar diretamente o nosso direito do ser humano, que inclui a proteção ambiental", finaliza o especialista.
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