Mercado

Dólar alto pode dar fôlego à economia

A consequência será as empresas focarem nas exportações.

Agência Brasil
30/03/2015 13:09
Visualizações: 1283 (0) (0) (0) (0)

O dólar valorizado pressiona os preços no mercado interno, aumentando a inflação, e é ruim para quem vai viajar. Mas, em um ano em que é prevista retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), o fortalecimento da moeda norte-americana pode dar algum fôlego às exportações e, por tabela, à própria atividade econômica. O dólar tem fechado acima dos R$ 3, e a previsão dos investidores ouvidos no boletim Focus, do Banco Central (BC), é de que a moeda encerre 2015 cotada em torno de R$ 3,15.

A consequência disso, segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, será as empresas focarem nas exportações. “Com o ajuste fiscal, forte retração no mercado interno, vai ter que buscar o externo”, avalia Castro, prevendo aumento das vendas principalmente para os Estados Unidos. “As importações de todos os países da América da Sul [que compram do Brasil] estão caindo, pois suas exportações de commodities [produtos básicos com cotação internacional] estão recuando, em função da queda de preços”, explica. Pelas projeções feitas por ele, as vendas para os EUA crescerão de 15% a 20%.

Castro destaca que o mercado norte-americano é o mais promissor, no momento. Na Europa, a recuperação econômica é lenta. A China deve ter desaceleração do crescimento. “O único mercado consistente hoje são os Estados Unidos. Estão tendo recuperação da crise, e o Brasil está redescobrindo o mercado. Para a América do Sul, as exportações vão continuar caindo, qualquer que seja a taxa de câmbio. Para a Venezuela, houve queda de 47% nos dois primeiros meses do ano”, diz.

A própria equipe econômica do governo adota o discurso de que as vendas externas, com destaque para os Estados Unidos, são a alternativa diante da perspectiva de uma atividade interna fraca em 2015. Ao assumir o cargo, em janeiro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, prometeu reaproximação comercial com os EUA e disse que o dólar mais alto estimularia as exportações. O ministro foi aos Estados Unidos em visita oficial, em fevereiro. Os dois países têm dialogado e já assinaram acordos com o compromisso de estreitar as relações comerciais bilaterais.

Na mesma linha, na última semana, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que o setor externo deve contribuir para a economia em 2015, já que o dólar em alta favorece as exportações. Ele previu que a balança comercial fechará superavitária este ano, apesar da queda nos preços das commodities. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado na última quinta-feira (26), a autoridade monetária projeta fechamento positivo em US$ 4 bilhões para a balança.

O dólar alto deixa os produtos brasileiros com preços mais atraentes no exterior. Na teoria, se forem fechados mais negócios de exportação, a indústria nacional vai produzir e empregar mais. Mas o movimento pode ser uma faca de dois gumes, já que muitos insumos usados pelas empresas são importados, e estão mais caros com a alta da moeda norte-americana.

Tiago Henrique Kuhn é gerente de exportações da Pak, empresa que cuida das operações de comércio exterior da fábrica paranaense de biscoitos Nutrisul S.A. Ele explica que o custo de produção dos biscoitos aumentou, porque a farinha de trigo, matéria-prima do produto, é importada. Os preços dos biscoitos tiveram de ser ajustados no mercado interno, mas, no exterior, o dólar em alta tem ajudado a pelo menos segurar os valores atuais.

“No patamar que está, a gente consegue manter as condições que tinha e, em um ou outro caso, até negociar”, destaca. Segundo ele, a ordem é investir nas exportações. O gerente conta que, no início do ano, a empresa participou de uma feira de alimentos em Dubai, com o objetivo de ampliar o leque de compradores para os biscoitos no exterior. “Com a participação, já estamos em negociação com pelo menos mais três mercados: Arábia Saudita, Moçambique e Mauritânia”, informa.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Apoio Offshore
Wilson Sons inaugura nova estrutura do Centro de Treinam...
26/09/25
Margem Equatorial
Ibama aprova Avaliação Pré-Operacional (APO) realizada p...
25/09/25
GNV
Naturgy debate oportunidades para crescimento no mercado...
25/09/25
Aviação Sustentável
Embraer avança em estudos com SAF após aquisição do bioc...
25/09/25
Pessoas
Roberta Becker é a nova diretora de Marketing da Copa En...
25/09/25
Combustíveis
Etanol tem maior alta de preço desde maio, aponta levant...
24/09/25
ABIMAQ
Inteligência ambiental: ABIMAQ reúne lideranças para deb...
24/09/25
IBP
UnIBP celebra 7 anos com foco em qualificação, diversida...
24/09/25
Sísmica
Petrobras lidera fabricação inédita de sensores sísmicos...
24/09/25
Oportunidade
Petrobras abre mais de 700 vagas para jovens aprendizes ...
24/09/25
Pernambuco
Neoenergia PE renova contrato com R$ 6,1 bilhões em inve...
24/09/25
Bacia de Campos
Equinor conclui instalação do trecho de águas rasas do G...
24/09/25
Onshore
Rodada Zero: prorrogações de contratos de campos terrest...
23/09/25
Evento
Portos & Costas Brasil reúne especialistas em Itajaí
23/09/25
Evento
Copa Energia participa do Liquid Gas Week 2025, maior ev...
22/09/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 reúne líderes globais da energia offshor...
22/09/25
Combustíveis
Etanol anidro recua 1,80% e hidratado cai 1,23%, aponta ...
22/09/25
Oferta Permanente
ANP aprova inclusão de 275 novos blocos
19/09/25
Hidrogênio Verde
Complexo do Pecém (CE) abriga os primeiros projetos de h...
18/09/25
Energia Eólica
Parceria inovadora entre Petrobras, WEG e Statkraft colo...
18/09/25
Apoio Offshore
Omni Unmanned e SwissDrones concluem teste de UAV em pla...
18/09/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23