Mercado

Desaceleração da China já afeta embarque de commodities

A frustração do crescimento da economia chinesa já se reflete na exportação brasileira. No primeiro trimestre, o volume exportado em minério de ferro caiu 2,3% em relação aos mesmos meses de 2012. A queda chama a atenção, porque o

Valor Econômico
22/04/2013 17:49
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A frustração do crescimento da economia chinesa já se reflete na exportação brasileira. No primeiro trimestre, o volume exportado em minério de ferro caiu 2,3% em relação aos mesmos meses de 2012. A queda chama a atenção, porque o volume de exportação do minério para a China perdeu ritmo no ano passado, mas não chegou a cair. Em 2012, a exportação do produto para os chineses subiu 3,3% em volume. No primeiro trimestre de 2012, o crescimento de quantidade era de 5%.

O volume embarcado de soja também caiu, mas nesse caso há uma explicação para a redução de 24,3%. No ano passado houve antecipação de embarques, fenômeno que não se repete este ano. A expectativa, portanto, é que o volume de soja exportada supere o de 2012. Os preços, porém, estão abaixo do esperado, o que também é reflexo de uma demanda aquém da expectativa. Isso pode limitar a contribuição do grão para a balança comercial com a China.

O petróleo, que ao lado da soja e do minério de ferro está entre os três itens mais importantes da pauta de exportação brasileira para a China, não promete melhorar o desempenho dos embarques ao país asiático. O volume de exportação de óleo bruto caiu 6,6% no primeiro trimestre, acompanhando a tendência de queda de volume na exportação brasileira do produto, em razão da falta de expansão da produção nacional, que tem se voltado cada vez mais para o abastecimento do mercado doméstico. Juntos, minério de ferro, petróleo e soja representaram no primeiro trimestre 79% do valor total exportado pelo Brasil à China.

Apesar da queda de quantidade embarcada, o valor exportado em minério de ferro para a China no primeiro trimestre cresceu 4,2%, devido a uma pequena recuperação de preço no período. O menor volume embarcado para o país asiático, porém, é um reflexo do excedente de aço no mundo e, com a menor demanda, o minério pode voltar a sofrer queda de preço, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, é cedo para falar em queda de volume na exportação do minério. "A tendência é que não haja grande recuperação de preços".

Durante o primeiro trimestre, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o preço médio das exportações brasileiras no segmento de minerais metálicos cresceu 4,2% em relação aos mesmos meses de 2012, enquanto a quantidade exportada caiu 1,5%. Rodrigo Branco, economista da Funcex, diz que a estimativa inicial do órgão era de elevação de 20% do preço médio de exportação do minério de ferro este ano em relação à média de 2012. Atualmente, porém, a projeção é de alta menor, de 15%.

Ainda com perfil de produção fortemente voltado para o mercado externo, a China sente os efeitos da falta de recuperação dos países da União Europeia, diz Fabio Silveira, diretor de pesquisa da GO Associados. Esse fato, ligado à tendência altista de estoques no complexo que inclui minério de ferro, metalurgia e siderurgia, deve reduzir a demanda internacional pelo insumo. Silveira estima que a exportação brasileira de minério de ferro deve sofrer leve queda de volume, de cerca de 3% este ano, com preços estáveis em relação a 2012.

A soja também traz preocupação semelhante em relação a preço. Para Castro, os preços para o período estão aquém da expectativa. Ele lembra que os meses de abril e maio são os mais importantes para o embarque de soja. No ano passado, afirma, houve antecipação dos embarques e, além disso a produção brasileira se beneficiou com a alta de preços do grão no segundo semestre, por conta da seca que atingiu a safra americana.

Este ano, diz Silveira, há um receio de que o anúncio das boas safras de soja no hemisfério Norte contribuam para pressionar o preço do grão para baixo. A desaceleração da China, diz Silveira, ainda continuará tendo forte influência na exportação da soja brasileira. Apesar da produção recorde de soja em 2013, o economista avalia que o valor exportado do complexo soja - grão, farelo e óleo - não deve acompanhar o mesmo ritmo de crescimento.

A exportação do complexo soja, projeta Silveira, deve ficar em US$ 27 bilhões no ano, US$ 1 bilhão a mais que o embarcado em 2012. Apesar da expectativa de elevação da quantidade de grãos a serem embarcados, o economista prevê redução de 5% no preço médio da soja neste ano, na comparação com o ano passado.

Branco afirma que há, por enquanto, uma evolução positiva do preço da soja no primeiro trimestre, em relação ao ano passado. Os meses de abril e maio, segundo ele, irão definir melhor a tendência. "Não creio em queda grande de preços, a menos que aconteça algo imprevisto".

O período de exportações puxadas pela alta de preços, seja para a China ou para os demais destinos, porém, ficou para trás, diz Branco. Para ele, a exportação este ano será comandada principalmente pelo desempenho das quantidades embarcadas. Dados da Funcex revelam que, no primeiro trimestre, a queda de 7,7% no valor exportado foi resultado principalmente da redução de 6,6% no volume embarcado, enquanto os preços tiveram queda menor, de 0,9%.
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