<P>A crise financeira mundial afetará principalmente o setor de navegação, prejudicando o trabalho dos agentes marítimos. A falta de crédito forçará armadoras a suspender as encomendas de novos navios. E o menor crescimento do comércio internacional reduzirá o valor de fretes, levando as co...
A Tribuna - SPA crise financeira mundial afetará principalmente o setor de navegação, prejudicando o trabalho dos agentes marítimos. A falta de crédito forçará armadoras a suspender as encomendas de novos navios. E o menor crescimento do comércio internacional reduzirá o valor de fretes, levando as companhias a alterar a programação de seus cargueiros.
A análise é do ex- presidente da Federação das Associações Nacionais de Agentes Marítimos (Fonasba), Mario Froio, o primeiro brasileiro a liderar a entidade mundial. Ele permaneceu à frente da instituição até a última sexta-feira, quando terminou sua gestão de dois anos.
Segundo Froio, temos um grande programa de construção de novos navios graneleiros na Ásia para a reposição de frotas envelhecidas. Cerca de 70% das ordens colocadas nos estaleiros chineses seriam entregues nos próximos três ou quatro anos. Porém, com a falta de financiamento e empréstimos dos bancos, acredito que uma parcela de 40% do que foi pedido não será efetivada.
A suspensão das encomendas de navios tem um lado positivo, pois evitará uma queda acentuada no preço do frete, já desvalorizado com o menor crescimento do comércio mundial, disse o ex-presidente da Fonasba. Isso é relativamente bom para o mercado, pois a oferta de navios não aumentará tanto quanto se esperava. Mas é ruim para os estaleiros chineses, pois ficarão sem trabalho.
Nos últimos trinta dias, houve uma queda de até 80% no valor dos fretes de granéis sólidos (grãos, açúcar, minérios e fertilizantes, por exemplo).
Esse cenário tem levado as companhias de navegação a reduzir suas frotas, a fim de cortar custos e evitar um maior declínio no preço dos serviços de transporte, de acordo com o agente. Os armadores e operadoresestão sofrendo com a queda do frete, o que influencia e acarreta diretamente um menor volume de transporte, afetando o número de escalas de navios nos portos e de fechamento de cargas. Isso prejudica exatamente o trabalho dos agentes marítimos e dos shipbroakers (corretor de navios, intermediário nos contatos entre o fretador e o afretador das embarcações).
Em relação ao transporte de granéis líquidos e contêineres, a situação permanecerá estável, pois antes mesmo da crise, o frete já estava com um valor mais baixo, afirmou Froio. Além disso, os contratos dos navios-tanques (usados no transporte de líquidos) são de longo prazo, por isso asarmadoras ainda não estão sentindo tanto o efeito da crise.
Para o ex-presidente da Fonasba, as cargas mais afetadas serão as commodities. A China começa a desacelerar as importações de minério de ferro. O carvão, utilizado basicamente pela indústria siderúrgica e para a geração de energia elétrica, será a segunda carga menos movimentada entre a Ásia, os Estados Unidos e a Europa.
Em terceiro lugar, aparecem os grãos, que também começam a registrar uma queda em seu comércio, atingindo países como Brasil e Argentina.
FORÇA
Mas Mario Froio acredita que o setor de navegação está forte e preparado para enfrentar a situação. Temos que esperar os mercados se acomodarem e então tentar ajudar os mais prejudicados.
Para o empresário, em momentos como este, com uma forte crise, percebe-se melhor a importância de instituições como a Fonasba e a Federação Nacional das Agências de Navegação (Fenamar). Através delas, tomamos conhecimento de soluções apresentadas em outros países ou em outros portos para vencer as dificuldades.
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