Redação TN com assessoria Creator POV
A Creator Economy brasileira se constrói sobre diversidade, criatividade e persistência — e, dentro dela, os creators negros têm sido protagonistas de uma nova fase de amadurecimento do setor. É o que mostra a nova análise da pesquisa Creator POV 2025, da BrandLovers, que ouviu mais de 5 mil criadores em todo o país, incluindo 2.159 que se identificaram como pretos e pardos.
Os dados mostram que quase todos os criadores negros (98%) pretendem continuar atuando como creators nos próximos três anos, um índice que reforça a confiança do grupo no potencial de crescimento da profissão. Para muitos, criar conteúdo é mais do que um trabalho: é uma forma de gerar visibilidade, autonomia e pertencimento em um ecossistema que ainda se estrutura para acolher todas as vozes.
“O que mais impressiona é a consistência. Mesmo com menos previsibilidade financeira, esse grupo em especial segue acreditando no futuro da Creator Economy. São profissionais que têm clareza sobre o valor que entregam, o impacto que geram e o que falta para transformar esse trabalho em uma carreira estável e sustentável”, afirma Miriam Shirley, presidente da BrandLovers.
Profissionalização avança e revela maturidade estratégica
Destaca-se também o fato de que quase metade (49%) dos creators negros atua na área há mais de três anos — um sinal de permanência, experiência acumulada e profissionalização crescente. “Os dados da nossa pesquisa indicam que eles estão consolidando seu espaço dentro da Creator Economy”, analisa a executiva.
Outra pista dessa evolução diz respeito à diversificação de canais e à compreensão das diferentes linguagens e públicos de cada ambiente. Embora o Instagram siga como a plataforma que concentra a maior parte dos seus seguidores, os criadores de conteúdo que se identificam como pretos e pardos já marcam presença em outros espaços como TikTok, YouTube, Kwai, Facebook e X/Twitter.
Na relação com as marcas, o olhar também é maduro devido à clareza dos benefícios gerados pelas parcerias. Os três principais impactos relatados pelos creators negros são:
1º Aumento da visibilidade da marca (71%);
2º Fortalecimento da imagem e do posicionamento da marca (64%);
3º Maior engajamento com o público (52%).
Além disso, a relação com as parcerias comerciais é guiada por estratégia e propósito: 52% afirmam que a relevância da marca para o próprio público é o principal fator de decisão, demonstrando consciência de audiência e de adequação de discurso. Os dados revelam ainda que a remuneração justa é um critério importante para esse grupo, o que aponta para uma visão profissional sobre o valor da própria entrega — e não apenas sobre a oportunidade imediata de fechar contratos.
“Eles sabem o valor que entregam e buscam parcerias que façam sentido para o público e para a marca. Isso é sinal claro de profissionalização e de um mercado que evolui junto com eles”, destaca Miriam
Nesse sentido, o grupo também sabe muito bem o que quer na hora de construir a mensagem. Isso porque a liberdade criativa aparece como fator decisivo para 36% dos criadores negros — acima da média geral da pesquisa. O dado revela uma busca por autonomia narrativa e autenticidade, elementos que têm se tornado diferenciais estratégicos em campanhas que valorizam a voz de quem cria.
Desafios técnicos ainda limitam o potencial
Apesar dos avanços e da profissionalização, existem desafios a serem superados: 21% dos criadores negros relatam dificuldades técnicas na produção de conteúdo, índice ligeiramente superior à média geral. Questões como acesso a equipamentos, softwares e capacitação seguem entre os principais entraves à equidade de oportunidades.
Outras dificuldades apontadas foram:
Lidar com os algoritmos das plataformas;
Encontrar parcerias relevantes;
Manter uma rotina consistente de criação.
Mesmo assim, se destaca a disposição dos criadores negros de conteúdo para crescer dentro do ecossistema: 70% disseram que trabalhariam só como creator se a atividade trouxesse mais oportunidades e fosse mais estável financeiramente. Atualmente, 36% têm na atividade sua principal fonte de renda, enquanto 56% dizem que o trabalho de criação de conteúdo funciona como renda complementar.
“Falar de creators negros é falar de potência. É entender que um mercado só é verdadeiramente maduro quando é inclusivo em todas as suas etapas: da criação à monetização”, conclui Miriam.
Sobre o Creator POV
O Creator POV 2025 é a maior pesquisa sobre a realidade dos criadores de conteúdo no Brasil. Conduzido pela BrandLovers, o levantamento ouviu 5.169 creators de todas as regiões do país, em diferentes níveis de audiência e nichos de atuação. A amostra reflete o ecossistema plural que compõe a Creator Economy brasileira, com 42% de respondentes que se identificam como pessoas negras (pretos e pardos).
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