Ceará

Busca por novas fontes de energia

O POVO Online - CE
08/06/2009 06:52
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Aproveitar o movimento das ondas do mar para obter energia. O que já é realidade em países da Europa será em breve aqui no Ceará também. Um projeto da Universidade Federal do Ceará (UFC) prevê a construção de um protótipo de usina de conversão de energia das ondas marítimas em eletricidade no Complexo Portuário do Pecém. A única do tipo no Brasil. O projeto, depois de ter passado por várias burocracias, foi aprovado em março deste ano. As obras terão início no segundo semestre.

 

De acordo com o professor Carlos Almir Holanda, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFC, a usina é estruturada por meio de braços metálicos - que medem de 20 a 22 metros - acoplados a uma base situada no porto, com um flutuador em sua extremidade. Com a movimentação das ondas, cada braço aciona uma bomba situada na outra extremidade, localizada na base. Essa bomba joga água sob alta pressão em um sistema que aciona uma turbina que, por sua vez, gera energia.

 

“Essa energia vai para rede. Como acontece com a hidráulica, térmica e eólica”, ressalta o professor. Em um primeiro momento, a energia obtida será utilizada dentro do próprio porto, ainda em carácter experimental. “Serão a principio dois flutuadores. Uma produção de 100 kW que vai atender parte da energia consumida no próprio porto”.

 

Carlos Almir compara o sistema com uma usina hidrelétrica. “É o maior percentual de energia do Brasil. Ela é limpa, não polui por gerar energia”. No entanto, o professor destaca que o impacto ambiental ao redor de onde é instalada a usina hidrelétrica é grande. “É criado um lago artificial, que gera o deslocamento de cidades e acaba com vegetações e animais da região. Aqui não temos usinas desse tipo, mas podemos comparar com a construção do Castanhão. Tudo isso aconteceu naquela região”.

 

Quando se pensa em usina térmica, os impactos são ainda maiores. Os gases provenientes da combustão, como o carbônico (CO2) poluem diretamente o meio ambiente. “No caso das ondas, o impacto é muito desprezível. Aqui no Ceará, a energia eólica está muito na moda, tem um potencial. Mas o marítimo também tem”.

 

Conforme o professor, ainda não é possível falar de preço, pois o projeto ainda está em fase experimental. Ele explica que, esses primeiros 100 kW vão sair muito caros. Há todo um custo de instalação. “Mas com o avanço da tecnologia, o aprendizado e a escala, a expectativa é que haja um preço competitivo”.

 


Novos projetos em teste

 

Outro projeto da UFC desenvolveu um sistema eletrônico de utilização da luz solar para geração de corrente alternada - aquela que jorra nas lâmpadas das nossas casas - que poderá ser aplicado em unidades isoladas da eletricidade, ou seja, em fazendas e sítios. Essa tecnologia pode representar uma autonomia para o morador rural, que terá disponibilizada energia de uma forma mais acessível.

 

A ideia é do Grupo de Processamento de Energia e Controle (GPEC), do Departamento de Engenharia Elétrica da UFC, e atende às exigências do programa “Luz para Todos”, do Governo Federal. De acordo com o professor Fernando Antunes, a energia do sol é transformada em elétrica por meio de painéis. Depois disso, é armazenada e fornecida às comunidades isoladas. Por enquanto, apenas um equipamento está montado no Campus do Pici.

 

Um novo está sendo montado na cidade de Uruçuí, região Sul do Piauí. “Estamos trabalhando para jog ar esse sistema na rede elétrica. A solar é a energia mais limpa de todas. Mas a hidráulica é a mais barata que existe. A tecnologia da solar já é dominada, mas ainda é mais cara. No futuro será bem viável”. Hoje isso já é realidade nesses casos de comunidades isoladas. “Isso porque ainda é preciso puxar a rede elétrica”.

 

Ceará é destaque em energia eólica

 

Em termos de energia limpa, o Ceará caminha bem. No início de 2009, foi inaugurada a Usina de Energia Eólica (UEE) Foz do Rio Choró, na Tabuba, no município de Beberibe, que começou a operar com potência instalada de 25,2 (mW). Com isso, o Ceará - que produz 121,8 Megawatts (mW) atualmente - ficou mais perto de alcançar os 518,33 mW de potência em geração eólica neste ano e de se tornar o principal estado produtor dessa energia no País.

 


Hoje, o Ceará fica atrás somente do Rio Grande do Sul, que produz 200 mW. Estudos indicam que o potencial eólico viável do Ceará é de mais de 25 mil mW (on-shore) - cerca de 20 vezes o consumo médio no Estado hoje -, que podem chegar a 35,5 mil mW pelo aproveitamento da plataforma continental (off-shore).

 

Conforme o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro produzido pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobrás, o Ceará, juntamente com o Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, são os estados do País mais fortes para a geração de energia a partir da força dos ventos.

 

O Ceará também desponta como um dos potenciais produtores de biodiesel no País. A usina de biodiesel da Petrobras em Quixadá está em funcionamento desde agosto de 2008. Juntamente com a usina de biodiesel de Candeias (BA), elas superaram suas metas de produção previstas para 2008. Segundo a Petrobras, as duas unidades chegam ao fim do ano com uma produção total de 8,8 milhões de litros de biodiesel entregues ao mercado.

 

A planta cearense é considerada a mais moderna do País, com capacidade de produção de 57 mil litros de biodiesel por ano. Desta produção, 30% será destinado ao consumo do Ceará e o restante passará para outros estados do Nordeste. Atualmente, existem 8.522 agricultores que cultivam mamona e girassol em 161 municípios cearenses cadastrados para fornecer matéria-prima e outros 759 do Rio Grande o Norte.

E-Mais

 


> Além do projeto de energias obtidas a partir das ondas e do sol, a UFC está trabalhando no laboratório de Combustão e Energias Renováveis (LACER), do Departamento de Engenharia Mecânica, uma pesquisa que gira em torno do aproveitamento, como fonte de energia, do biogás - metano em sua maioria - produzido por resíduos orgânicos em decomposição.

 

> Em parceria com a Embrapa e a associação dos catadores do Jangurussu, a casca do coco verde é coletada. Em seguida, o resíduo sólido (pó e fibra) é destinado a fins industriais, como confecção de bancos de carro e artesanato. Já o líquido, é separado . Por sua vez, nesse líquido são postas bactérias que irão induzir a decomposição do material. O biogás é gerado por reatores que processam o líquido residual do beneficiamento da casca do coco.

 

> A exploração do biogás está sendo aplicada numa tecnologia inédita no País a “Combustão em Meios Porosos”, que desenvolverá uma mini-termoelétrica constituída de uma caldeira capaz de queimar esse gás plenamente. Com isso, promove-se a geração de energia de forma descentralizada, com baixa emissão de monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NO e NO2).

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