Redação TN com assessoria
O Fórum de Mulheres do XXVIII SNPTEE promoveu um dos momentos mais marcantes do evento: o painel "Correntes em disputa: tensões e soluções para um setor em transformação", que utilizou a histórica rivalidade entre Thomas Edison (defensor da corrente contínua) e Nikola Tesla (da corrente alternada) como metáfora para os dilemas atuais da engenharia elétrica brasileira.
Com auditório lotado, o encontro reuniu Lorena Silva (Ministério de Minas e Energia), Thaís Teixeira (EPE), Sumara Ticon (ONS), Luciana Martins (Eletrobras), Camila Maciel (State Grid) e Jéssica Santos (Taesa), sob mediação de Gabriela Desire (CIGRE-Brasil / WiE-Brasil) e introdução de Solange David (WiE – CIGRE International Norte).
Abrindo o debate, Lorena Silva, do MME, destacou que a pergunta sobre qual corrente — contínua ou alternada — é "melhor" continua atual, mas sem resposta definitiva. "Não existe uma resposta pronta. Cada tecnologia tem sua função e seu espaço. O desafio está em como integrá-las de forma inteligente, garantindo eficiência, segurança e sustentabilidade ao sistema."
Ela completou, comparando o cenário atual ao mundo digital: "O sistema elétrico precisa funcionar como o Bluetooth e o Wi-Fi — tecnologias diferentes, mas que coexistem e se complementam para entregar o melhor resultado."
Em seguida, Luciana Martins, da Eletrobras, trouxe a visão das transmissoras, ressaltando a necessidade de planejamento técnico e regulatório diante da complexidade das novas máquinas girantes e dos projetos de corrente contínua:
"A inércia voltou a ser uma necessidade conjuntural. As transmissoras precisam atuar com planejamento e alta capacidade técnica, prevendo desde a estrutura dos empreendimentos até os aspectos regulatórios que envolvem investimentos dessa magnitude".
Luciana também destacou o papel crescente da inteligência artificial na engenharia da Eletrobras.
"A inteligência artificial já é uma realidade na companhia. Estamos investindo fortemente em inovação digital — inclusive na elaboração de termos de referência e normativos técnicos. Isso aumenta a consistência dos nossos projetos, a segurança das pessoas e a responsabilidade com cada entrega. É uma nova revolução para a engenharia elétrica".
Thaís Teixeira, da EPE, reforçou a importância da diversidade tecnológica no planejamento do setor:
"Não podemos eleger uma única rota. A transição energética exige complementaridade entre diferentes sistemas e soluções. O futuro da energia está na integração inteligente entre geração, transmissão e consumo".
Encerrando o painel, Gabriela Desire destacou o simbolismo da escolha do tema:
"A Batalha das Correntes é uma metáfora perfeita para o momento que vivemos. Assim como Edison e Tesla transformaram o mundo com visões distintas, hoje vemos mulheres liderando transformações com perspectivas diversas — e é essa pluralidade que faz o setor avançar."
O painel reforçou o SNPTEE como um espaço de troca técnica e reflexão, onde diversidade, inovação e conhecimento se encontram para construir o futuro da energia no Brasil.
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