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ArcelorMittal administra dois cenários no Brasil

O foco da empresa é o setor de aços planos e longos.

Valor Econômico
25/04/2013 14:40
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ArcelorMittal administra dois cenários no Brasil
Noticiário cotidiano - Geral
Qui, 25 de Abril de 2013 08:10
O grupo ArcelorMittal, líder global na indústria do aço, convive com dois cenários em suas operações no Brasil. No setor de aços planos, que representa pouco mais de dois terços de sua capacidade de produção no país, a companhia opera desde o fim do ano passado com ociosidade de 40%. Já no segmento de aços longos, cujo principal mercado é a construção civil e obras de infraestrutura, a situação é um pouco mais confortável, com índice acima de 90% de ocupação da capacidade, mas nada que justifique ainda desengavetar projetos paralisados desde 2011.
O caso de aços planos, tocado pela subsidiária ArcelorMittal Tubarão, sediada ao lado de Vitória (ES), é perda de competitividade na exportação de placas, um produto semi-acabado. Benjamin Baptista Filho, presidente da companhia e vice-presidente de aços planos do grupo para a América do Sul afirma que "fabricar placas no Brasil para exportar, nos últimos tempos, é prejuízo certo". A empresa está com seu segundo maior alto-forno parado desde o fim de 2012, sem perspectiva à vista de retomada.
Em função do cenário global incerto - recuperação gradual da economia americana, permanência da crise na Europa, desaceleração da China e demanda ainda morna no mercado brasileiro -, o grupo prefere manter na geladeira seus projetos de expansão no país. Um deles, voltado para o setor automotivo, é uma nova linha na unidade Vega do Sul, em Santa Catarina, que faz aços de maior valor agregado. O outro, em Minas, já iniciado e adiado por duas vezes, é a duplicação da usina de aços longos em João Monlevade. Ambos os investimentos passam de US$ 1 bilhão.
"Estamos mais otimistas com a demanda de aços longos no país do que em 2012, mas continuamos a acompanhar a evolução do mercado para ter segurança", afirma Jefferson de Paula, vice-presidente de Américas nesse segmento de produtos. O executivo observa que no ano passado o crescimento do PIB era para ser de 4%, mas só veio 0,9%. "Precisamos de demanda sustentável para tomar a de cisão de investir na duplicação de Monlevade e em outras operações no país" (ver entrevista abaixo).
A subsidiária ArcelorMittal Tubarão avaliou, com o comando do grupo, em Londres, que era melhor paralisar a produção de um de seus altos-fornos do que produzir placa para exportar com prejuízo. A empresa decidiu concentrar seus esforços no atendimento do mercado interno com produtos acabados - chapas laminadas a quente, a frio e galvanizadas, que somam 4 milhões de toneladas - fabricados em suas unidades de laminação do Espírito Santo e de Santa Catarina. Ou seja, abaixo da capacidade de material bruto.
Esses produtos são vendidos a montadoras de automóveis, indústrias de linha branca, autopeças, setor da construção civil, máquinas e equipamentos e máquinas e implementos agrícolas.
Com um "otimismo cauteloso para 2013", com previsão de crescimento de 3% a 3,5% na economia do país e de consumo parente de aço de 4% a 4,5%, Baptista diz que o projeto da nova linha catarinense, avaliado em US$ 325 milhões, "continua vivo e em atualização". "Assim que tiver uma luz mais consistente no médio e longo prazo retomamos a obra, prevista para durar de 28 a 30 meses". São mais 600 mil toneladas por ano - 500 mil de aço galvanizado dedicado ao setor automotivo e 100 mil de laminado a frio para outras aplicações.
Ao mesmo tempo, na usina capixaba, ao lado de Vitória, há plano pronto para adicionar 500 mil toneladas no laminador de chapas laminadas a quente, indo a 4,5 milhões de toneladas. São investimento marginais no equipamento existente, com desembolso de US$ 50 milhões. Os dois projetos são concomitantes.
Do volume de produtos laminados, 90% é destinado para o mercado interno. A diferença, entre 400 mil e 600 mil toneladas, é exportada para mercados da América do Sul, assim como uma parcela marginal de placas. "Não é possível competir com chineses e outros fabricantes do Sudeste asiático no mercado global".
Neste momento, o executivo vê um cenário global mais nebuloso e um primeiro semestre melhor no Brasil do que o do ano passado. Já a segunda metade do ano, ao seu ver, vai depender das ações que o governo tomará para estimular a economia, especificamente o setor industrial. "A manutenção do IPI para vendas de automóveis já foi uma decisão muito positiva, pois acabou com a instabilidade".
A companhia tem três altos-fornos em Serra, ao lado de Vitória, aptos a fazer por ano 7,5 milhões de toneladas de placas. Desse volume, quase 60% é transformado em produtos laminados. A diferença, até a crise global de 2008/2009, a ArcelorMittal Tubarão exportava na forma de placas. E grande parte disso ia para a Europa, cujo mercado afundou com a crise na região, além de Ásia.
O executivo não abre valores de custo de produção nem preço de venda de uma tonelada de placa. Segundo informações, os preços médios praticados no mercado internacional estão na faixa de US$ 450 a US$ 500 a tonelada. O custo somente com minério de ferro e carvão, com base no valor de venda das matérias-primas, está em torno de US$ 310 a tonelada. "No cenário atual é melhor manter o equipamento parado."
Com essa decisão, a empresa vai operar neste ano ao nível de 4,5 milhões de toneladas de produção de placas, mesmo volume de 2012. O excedente de 500 mil toneladas será colocado em mercados da América do Sul, onde tem mais poder de competição.
Com o mercado ruim em 2012, a empresa aproveitou para fazer a reforma do seu maior alto-forno, o de número 1 - considerado o vovô da siderurgia mundial, com 29 anos de operação sem interrupção. É o maior equipamento da usina, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas por ano de placas. A reforma durou vários meses, desde abril de 2012, com custo de US$ 180 milhões.
Durante esse período, a companhia reativou o alto-forno 2, de 1,1 milhão de toneladas, que estava com atividade paralisada desde dezembro de 2008 e tinha toda a produção voltada para o mercado europeu. Com o retorno do número 1, em setembro, decidiu paralisar o alto-forno 3, em operação desde 2007, para reparos em equipamentos periféricos em novembro. Ele não voltou mais e ainda não tem data prevista de retorno. "Não vamos acendê-lo enquanto não tivermos uma perspectiva mais sustentável do mercado", afirma o executivo.
Segundo Baptista, os funcionários ligados ao equipamento paralisado foram realocados para outras atividades na usina. "Estamos, por exemplo, primarizando todo o serviço de manutenção da usina, que era terceirizado."
A ArcelorMittal Tubarão, antiga Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST), é a empresa com maior tradição no mercado mundial de placas. Além dela, há no Brasil a Gerdau Açominas, que já começa a alocar o material para unidades de produtos acabados, e a CSA, da ThyssenKrupp, que enfrenta uma situação difícil - financeira e operacional - e está no momento em busca de um comprador.

O grupo ArcelorMittal, líder global na indústria do aço, convive com dois cenários em suas operações no Brasil. No setor de aços planos, que representa pouco mais de dois terços de sua capacidade de produção no país, a companhia opera desde o fim do ano passado com ociosidade de 40%. Já no segmento de aços longos, cujo principal mercado é a construção civil e obras de infraestrutura, a situação é um pouco mais confortável, com índice acima de 90% de ocupação da capacidade, mas nada que justifique ainda desengavetar projetos paralisados desde 2011.

 


O caso de aços planos, tocado pela subsidiária ArcelorMittal Tubarão, sediada ao lado de Vitória (ES), é perda de competitividade na exportação de placas, um produto semi-acabado. Benjamin Baptista Filho, presidente da companhia e vice-presidente de aços planos do grupo para a América do Sul afirma que "fabricar placas no Brasil para exportar, nos últimos tempos, é prejuízo certo". A empresa está com seu segundo maior alto-forno parado desde o fim de 2012, sem perspectiva à vista de retomada.

 

Em função do cenário global incerto - recuperação gradual da economia americana, permanência da crise na Europa, desaceleração da China e demanda ainda morna no mercado brasileiro -, o grupo prefere manter na geladeira seus projetos de expansão no país. Um deles, voltado para o setor automotivo, é uma nova linha na unidade Vega do Sul, em Santa Catarina, que faz aços de maior valor agregado. O outro, em Minas, já iniciado e adiado por duas vezes, é a duplicação da usina de aços longos em João Monlevade. Ambos os investimentos passam de US$ 1 bilhão.

 

"Estamos mais otimistas com a demanda de aços longos no país do que em 2012, mas continuamos a acompanhar a evolução do mercado para ter segurança", afirma Jefferson de Paula, vice-presidente de Américas nesse segmento de produtos. O executivo observa que no ano passado o crescimento do PIB era para ser de 4%, mas só veio 0,9%. "Precisamos de demanda sustentável para tomar a de cisão de investir na duplicação de Monlevade e em outras operações no país" (ver entrevista abaixo).

 

A subsidiária ArcelorMittal Tubarão avaliou, com o comando do grupo, em Londres, que era melhor paralisar a produção de um de seus altos-fornos do que produzir placa para exportar com prejuízo. A empresa decidiu concentrar seus esforços no atendimento do mercado interno com produtos acabados - chapas laminadas a quente, a frio e galvanizadas, que somam 4 milhões de toneladas - fabricados em suas unidades de laminação do Espírito Santo e de Santa Catarina. Ou seja, abaixo da capacidade de material bruto.

 


Esses produtos são vendidos a montadoras de automóveis, indústrias de linha branca, autopeças, setor da construção civil, máquinas e equipamentos e máquinas e implementos agrícolas.

 


Com um "otimismo cauteloso para 2013", com previsão de crescimento de 3% a 3,5% na economia do país e de consumo parente de aço de 4% a 4,5%, Baptista diz que o projeto da nova linha catarinense, avaliado em US$ 325 milhões, "continua vivo e em atualização". "Assim que tiver uma luz mais consistente no médio e longo prazo retomamos a obra, prevista para durar de 28 a 30 meses". São mais 600 mil toneladas por ano - 500 mil de aço galvanizado dedicado ao setor automotivo e 100 mil de laminado a frio para outras aplicações.

 


Ao mesmo tempo, na usina capixaba, ao lado de Vitória, há plano pronto para adicionar 500 mil toneladas no laminador de chapas laminadas a quente, indo a 4,5 milhões de toneladas. São investimento marginais no equipamento existente, com desembolso de US$ 50 milhões. Os dois projetos são concomitantes.

 


Do volume de produtos laminados, 90% é destinado para o mercado interno. A diferença, entre 400 mil e 600 mil toneladas, é exportada para mercados da América do Sul, assim como uma parcela marginal de placas. "Não é possível competir com chineses e outros fabricantes do Sudeste asiático no mercado global".

 


Neste momento, o executivo vê um cenário global mais nebuloso e um primeiro semestre melhor no Brasil do que o do ano passado. Já a segunda metade do ano, ao seu ver, vai depender das ações que o governo tomará para estimular a economia, especificamente o setor industrial. "A manutenção do IPI para vendas de automóveis já foi uma decisão muito positiva, pois acabou com a instabilidade".

 


A companhia tem três altos-fornos em Serra, ao lado de Vitória, aptos a fazer por ano 7,5 milhões de toneladas de placas. Desse volume, quase 60% é transformado em produtos laminados. A diferença, até a crise global de 2008/2009, a ArcelorMittal Tubarão exportava na forma de placas. E grande parte disso ia para a Europa, cujo mercado afundou com a crise na região, além de Ásia.

 


O executivo não abre valores de custo de produção nem preço de venda de uma tonelada de placa. Segundo informações, os preços médios praticados no mercado internacional estão na faixa de US$ 450 a US$ 500 a tonelada. O custo somente com minério de ferro e carvão, com base no valor de venda das matérias-primas, está em torno de US$ 310 a tonelada. "No cenário atual é melhor manter o equipamento parado."

 


Com essa decisão, a empresa vai operar neste ano ao nível de 4,5 milhões de toneladas de produção de placas, mesmo volume de 2012. O excedente de 500 mil toneladas será colocado em mercados da América do Sul, onde tem mais poder de competição.

 


Com o mercado ruim em 2012, a empresa aproveitou para fazer a reforma do seu maior alto-forno, o de número 1 - considerado o vovô da siderurgia mundial, com 29 anos de operação sem interrupção. É o maior equipamento da usina, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas por ano de placas. A reforma durou vários meses, desde abril de 2012, com custo de US$ 180 milhões.

 


Durante esse período, a companhia reativou o alto-forno 2, de 1,1 milhão de toneladas, que estava com atividade paralisada desde dezembro de 2008 e tinha toda a produção voltada para o mercado europeu. Com o retorno do número 1, em setembro, decidiu paralisar o alto-forno 3, em operação desde 2007, para reparos em equipamentos periféricos em novembro. Ele não voltou mais e ainda não tem data prevista de retorno. "Não vamos acendê-lo enquanto não tivermos uma perspectiva mais sustentável do mercado", afirma o executivo.

 


Segundo Baptista, os funcionários ligados ao equipamento paralisado foram realocados para outras atividades na usina. "Estamos, por exemplo, primarizando todo o serviço de manutenção da usina, que era terceirizado."

 


A ArcelorMittal Tubarão, antiga Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST), é a empresa com maior tradição no mercado mundial de placas. Além dela, há no Brasil a Gerdau Açominas, que já começa a alocar o material para unidades de produtos acabados, e a CSA, da ThyssenKrupp, que enfrenta uma situação difícil - financeira e operacional - e está no momento em busca de um comprador.

 

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