Valor Econômico
Um contrato bilateral de compra e venda de energia entre AES Tietê e AES Eletropaulo determinou os resultados das duas companhias no terceiro trimestre deste ano. Enquanto a empresa de geração, a Tietê, teve um lucro 33% maior, a distribuidora viu seu resultado cair 25%. A primeira se beneficiou do aumento da tarifa, corrigida pelo IGPM em julho, e a segunda teve que gastar mais para pagar essa energia mais cara.
Bom para os acionistas da AES Tietê, que vão receber integralmente, na forma de dividendos, o lucro líquido de R$ 187,7 milhões auferido pela empresa geradora. O pagamento foi aprovado ontem pelo conselho de administração. Já a Eletropaulo, que registrou lucro de R$ 148 milhões, não faz menção a dividendos. No meio do ano, a companhia enfrentou até mesmo o bloqueio dos recursos que seriam usados para pagar os acionistas em função de uma execução fiscal da Fazenda Nacional. A empresa conseguiu reverter a liminar que determinava o bloqueio, mas informa neste seu balanço que em outubro teve que constituir uma provisão de R$ 71,5 milhões para poder continuar discutindo no processo judicial.
O destaque positivo no balanço da Eletropaulo foi o aumento de 11,6% na receita líquida, puxada principalmente pelo aumento do consumo em quase 6%. A empresa também se beneficiou do reajuste das tarifas para o consumidor em 8%, feita em julho.
Por outro lado, o efeito do ajuste do preço da energia proveniente da AES Tietê, que subiu quase 14% ficando, fez crescer os gastos da empresa. O contrato com a Tietê representa 27% da energia contratada da Eletropaulo. O aumento da tarifa do uso da rede para distribuição de energia também cresceu 33%. Esses dois fatores fazem parte da chamada parcela não-gerenciável da companhia.
Mas também os gastos gerenciáveis contribuíram para a queda no resultado, em relação ao mesmo período do ano passado. Os gastos com pessoal e previdência privada aumentaram em função de condenações trabalhistas sofridas pela Eletropaulo e também a despesa com materiais e serviços cresceu 11%. Esse foi um efeito direto de implementação da Lei 11.638, segundo explicou a empresa. Um empréstimo com a Eletrobrás, chamado Reluz, teve que ser trazido a valor presente. Não fosse esse efeito, esses gastos teriam crescido na ordem de 5%. No número total, as despesas operacionais da companhia cresceram 21,5%, ficando em R$ 1,5 bilhão.
Com a Eletropaulo pagando 15% a mais pela energia, a AES Tietê apresentou crescimento da receita líquida de 16%, fechando o terceiro trimestre em R$ 423 milhões. A receita financeira da Tietê também cresceu nos meses de julho a setembro e curiosamente também pelo efeito IGPM. O índice de inflação caiu nesse terceiro trimestre comparado com o mesmo período do ano anterior e esse é o indexador de uma dívida com a Eletrobrás de R$ 1 bilhão.
Apesar do crescimento do resultado, os planos de investimentos da Tietê continuam indefinidos. A empresa discute com o governo do Estado uma solução para a obrigação prevista no edital de privatização de investimento em geração. Nesse trimestre, a empresa até reviu investimentos previstos para o ano. O plano era investir R$ 86 milhões e vão se concretizar R$ 66 milhões. A companhia enfrenta problemas para obter a licença de supressão de vegetação em obras de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) no Rio de Janeiro.
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