Reuters, 14/03/2024
A Shell enfraqueceu nesta quinta-feira sua meta de redução de carbono para 2030 e descartou um objetivo "perigoso" para 2035, citando expectativas de forte demanda de gás e incertezas na transição energética, mesmo tendo reafirmado um plano para zerar suas emissões líquidas até 2050.
O recuo da Shell segue um movimento semelhante da rival BP no ano passado, uma vez que muitos governos em todo o mundo desaceleraram a implementação de políticas climáticas e atrasaram as metas em meio ao aumento dos custos de energia e preocupações com o fornecimento.
As grandes petrolíferas também têm sofrido maior pressão dos investidores para que se concentrem nos negócios mais lucrativos, após registrarem lucros extraordinários nos últimos anos, enquanto os retornos das energias renováveis caíram.
As mudanças nas metas da Shell são um pilar central da reformulação da estratégia do presidente-executivo Wael Sawan, que se concentra em projetos com margens mais altas, na produção estável de petróleo e no crescimento da produção de gás natural, a fim de aumentar os retornos.
Em uma atualização anual de sua estratégia de transição energética nesta quinta-feira, a Shell disse que terá como meta uma redução de 15% a 20% na intensidade líquida de carbono de seus produtos energéticos até 2030, em comparação com os níveis de intensidade de 2016. Anteriormente, a meta era de um corte de 20%.
Medir as emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis por intensidade, e não em termos absolutos, significa que uma empresa pode tecnicamente aumentar sua produção de combustíveis fósseis e suas emissões totais enquanto usa compensações ou adiciona energia renovável ou biocombustíveis ao seu mix de produtos.
A Shell, maior comerciante de gás natural liquefeito (GNL) do mundo, disse acreditar que o gás e o GNL desempenharão um papel fundamental na transição energética, substituindo o carbono mais poluente nas usinas elétricas.
Ao mesmo tempo, a empresa espera que suas vendas de energia, que incluem energia renovável, sejam menores do que o previsto anteriormente.
A empresa retirou uma meta anterior de reduzir sua intensidade de carbono em 45% até 2035. Sawan disse à Reuters que é "perigoso" para a Shell estabelecer metas de redução de emissões para 2035 porque "há muita incerteza no momento em relação à trajetória da transição energética".
"Estamos tentando focar nossa empresa, nossa organização e nossos acionistas em um ponto de passagem que é muito mais claro... que é 2030", disse Sawan.
A Shell também apresentou uma nova "ambição" de reduzir as emissões gerais de produtos petrolíferos, como gasolina e combustível de aviação, vendidos aos clientes em 15% a 20% até 2030, em comparação com 2021.
Fale Conosco
21