Reuters, 03/02/2023
A expansão do sistema elétrico brasileiro deverá demandar investimentos de R$ 60,7 bilhões em obras para transmissão de energia no horizonte de 2023 a 2027, segundo estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgadas nesta segunda-feira (2).
Desse total, R$ 55,7 bilhões são referentes a novas obras, que passam a ser necessárias diante do forte crescimento da geração eólica e solar fotovoltaica sobretudo no Nordeste e em Minas Gerais, exigindo escoamento de excedentes energéticos aos demais subsistemas do Sistema Interligado Nacional (SIN).
As obras indicadas no Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo incluem a construção de cerca de 16 mil km de novas linhas de transmissão e 34 mil megavolt-ampères (MVA) de acréscimo de capacidade de transformação em subestações novas e existentes.
Esses empreendimentos representam acréscimo da ordem de 10% na extensão das linhas de transmissão e de 9% na potência nominal instalada em transformadores da Rede Básica e da Rede Básica de Fronteira, em relação à rede existente.
Na análise regional, o ONS destacou que cinco estados concentram cerca de 80% dos futuros investimentos: Bahia (R$ 13,6 bilhões), Minas Gerais (R$ 13,1 bilhões), Maranhão (R$ 10,3 bilhões), Goiás (R$ 8,5 bilhões) e Piauí (R$ 4 bilhões).
Ainda no plano de médio prazo, o ONS estimou que a carga de energia elétrica no SIN chegará a 111 GW em 2027, um crescimento de 18% frente aos 94,1 GW registrados em 2022. Já a capacidade instalada da matriz elétrica brasileira deverá atingir 208,4 GW ao final de 2026, ante os 186 GW atuais.
O órgão também ressaltou a necessidade de resolver um gargalo criado pelo "boom" de projetos eólica e solar após a promulgação, em 2021, de uma lei que deu fim a subsídios às fontes renováveis. Segundo o ONS, o grande volume de empreendimentos de geração que estão buscando conexão ao sistema de transmissão fez com que os critérios atuais não sejam mais adequados.
Diante disso, o ONS propôs uma "mudança de paradigma" que privilegie a lógica econômica, com a criação, por exemplo, de um leilão para seleção de projetos mais promissores e que efetivamente possam ser implementados.
A proposta está alinhada ao plano do Ministério de Minas e Energia da gestão de Jair Bolsonaro, que em 2022 lançou as bases para uma nova licitação com esse fim, prevendo os primeiros leilões para 2023.
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