Reuters, 10/03/2022
Após uma temporada em que o etanol hidratado perdeu terreno para a gasolina, o combustível renovável deve retomar alguma participação no mercado brasileiro em 2022/23 (abril/março) diante da alta dos preços do petróleo em função da guerra na Ucrânia, avaliou nesta quarta-feira a StoneX.
Ao mesmo tempo, a consultoria projeta um aumento de 5,6% na produção de etanol de cana do centro-sul em 2022/23, para 25,5 bilhões de litros, enquanto a fabricação do combustível a partir do milho deve saltar 18,9%, para 4,2 bilhões de litros, com ampliação da capacidade das usinas.
"Passamos a considerar uma maior participação do hidratado no consumo de Ciclo Otto --estimativa que se baseia no viés altista para os preços da gasolina, ao passo que a recuperação produtiva no centro-sul poderá favorecer a competitividade do álcool", disse a analista de inteligência de mercado do grupo, Marina Malzoni.
Ela ponderou que será importante avaliar as perspectivas para o mercado de petróleo, sobretudo em meio às tensões entre Rússia e Ucrânia, bem como o possível avanço das negociações referente ao acordo nuclear entre os Estados Unidos e Irã.
Os preços de petróleo subiram mais de 30% desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e os EUA e outros países impuseram sanções. Enquanto isso, no Brasil, o governo avalia formas de minimizar a alta para os consumidores.
A produção de etanol anidro (misturado à gasolina) de cana deverá cair 10,7%, para 9 bilhões de litros em 2022/23, na medida em que o hidratado avance sobre o mercado do combustível fóssil.
A avaliação também considera uma safra de cana em recuperação após perdas por geadas e seca no ciclo anterior. Dessa forma, a moagem do centro-sul em 2022/23 deve ter alta de 7,6%, para 565,3 milhões de toneladas --o número é estável ante previsão anterior.
Já a produção de açúcar do centro-sul do Brasil em 2022/23 foi estimada em 34,5 milhões de toneladas, alta anual de 7,5%.
MUNDO
A produção global de açúcar deve aumentar 1,9% na temporada 2021/22 (outubro/setembro), para 187,3 milhões de toneladas, segundo nova projeção da StoneX, "condição que suaviza em 800 mil toneladas o déficit da temporada para 1,1 milhão de toneladas".
Na temporada passada, o déficit foi estimado em 3 milhões de toneladas.
"Apesar da menor produção prevista na China e na Tailândia, o aumento em 1,7 milhão de toneladas sobre a oferta indiana deve compensar tais perdas", afirmaram os analistas Marina Malzoni e Arthur Machado.
Os cálculos consideram crescimento anual de 0,9% no consumo global, atingindo 188,4 milhões de toneladas.
"O ambiente se mostra favorável para o aumento da procura em importantes players consumidores, com destaque para a China e o Sudoeste Asiático", disseram os especialistas.
"Além disso, o apetite de compra em polos de refino deve seguir firme, dado que o prêmio do branco, utilizado como proxy da margem de refino, acumula ganhos significativos desde outubro/21, posicionando-se acima de 100 dólares/t", disse Malzoni.
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