Redação TN/Assessoria
Há uma frase popular no México que diz mais ou menos assim: “La semilla de la verdad puede tardar en florecer; pero al final florece, pase lo que pase”. Ela é atribuída ao cientista e filósofo espanhol Gregorio Marañón y Posadillo (1887-1960). Se a traduzirmos para o português, ela diz o seguinte: “A semente da verdade pode demorar para florescer, mas floresce no final, não importa o que aconteça”. Mas sobre o que pretendo discorrer neste artigo com essa famosa máxima? Sim, “a semente da verdade” já está florescendo com o advento da transição energética e a conscientização ambiental que com ela emerge e reforça-se na sociedade e nos mercados.
Não cabe aqui, entretanto, abordamos sobre as vantagens econômicas que essa transição proporciona. Elas são mais que evidentes. Mas é essencial que o seu propósito mor seja difundido ao máximo antes da escalada das cifras, ou seja, queremos um mundo verdadeiramente mais vivo e justo, um ambiente e ar que respiramos mais limpos, sobretudo nos extremamente poluídos centros urbanos onde a vida torna-se cada vez mais desconcertante por conta, sem dúvida, de fatores socioeconômicos, mas essencialmente pelas disfunções no meio ambiente intensificadas ao longo do século passado e no começo deste.
Entidades ambientais e parte expressiva do mercado já fazem valer a máxima do pensador espanhol e já sinalizam que os tempos são outros. Não há mais espaço para quem prioriza cifras e lucros em detrimento da vida. Socialmente responsáveis, as companhias começam a vislumbrar o progresso pelo viés da transição energética. Suas produções precisam se cercar continuamente dessa “verdade” sobre a qual escrevemos.
Vivemos tempos difíceis devido à pandemia da covid-19 e a uma guerra fratricida travada entre russos e ucranianos. O caos econômico instaurou-se e sem prazo para terminar, e um de seus aditivos mais incômodos é a tensão no preço dos combustíveis que reforça ainda mais a importância e emergência da transição energética. Os preços do petróleo e do gás subiram após a invasão russa na Ucrânia, impactando as economias mundo afora, principalmente os países latino-americanos fortemente dependentes das importações de hidrocarbonetos. O conflito armado na Ucrânia despertou inúmeras reflexões, mas uma certamente precisa ser definitivamente internalizada: a ideia de que a transição energética é fundamental não apenas porque é o correto a ser feito por conta das profundas e dramáticas alterações climáticas em curso, sem distinção de território ou nação, mas também porque representa uma questão de segurança e desenvolvimento. Sim, segurança e desenvolvimento representam esse binômio que norteia os modelos de transição energética, como o que difundimos pela companhia que comando, a Horeb Internacional, cuja matriz fica na Cidade do México e hoje mantém uma representação no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, com a meta salutar de expandir não somente uma solução de transição energética, o Green Plus, mas, e sobretudo!, alertar para que não se postergue mais a migração para fontes mais limpas e renováveis de energia, afinal, quando o tema é abordado, vem à tona a busca por um novo estado de ser moldado por um olhar amplo dirigido para a sustentabilidade ambiental e social. Um olhar que se estenda, principalmente, ao meio ambiente, à pujança energética e à gestão de resíduos com único propósito de redução das emissões poluentes e sua consequente influência no clima.
A transição energética significa, portanto, uma tomada de consciência cultural sobre o que se produz hoje nas empresas e nas sociedades e o impacto dessa produção na vida e o que podemos fazer para mudar tudo que aí está no campo industrial, considerando o reaproveitamento das matérias e da energia consumidas em todas as frentes. É indispensável que se pense assim, ou seja, sobre a trajetória das fontes tradicionais de energia em toda a produção industrial e de serviços até o consumo e seus desdobramentos.
A transição energética envolve mudanças que transcendem a geração de energia e chegam ao consumo e ao próprio reaproveitamento da energia. Permanecer no atual ritmo de consumo dos recursos naturais sem que se pense em transição energética é uma temeridade. É um impiedoso tiro no futuro ignorar que há, hoje, quase um bilhão de pessoas no mundo simplesmente sem acesso à energia elétrica, conforme alertas de várias entidades internacionais, dentre elas o Banco Mundial e a ONU. A consciência dessa realidade é uma emergência, e não pode ser traduzida como difícil ou mesmo postergada, como frisamos acima. Afinal, transições complexas como essa fazem parte da história da humanidade. A Revolução Industrial impulsionou a mudança energética da madeira ao carvão, que depois cedeu lugar ao petróleo, insumo que se tornou essencial no pós-guerra para o desenvolvimento de diversos setores industriais, principalmente o de transportes viários e marítimos, que, respectivamente, recorrem à gasolina e diesel e ao bunker derivado do petróleo. De lá para cá, postergaram-se migrações para fontes limpas. O caos ambiental era inevitável.
Em que situação, afinal, encontra-se o Brasil no contexto mundial da transição energética? O fato é que o país sul-americano, que ostenta uma invejável geografia, já comporta um significativo sistema energético renovável. Se, aproximadamente, 80% da produção mundial de energia concentram-se em combustíveis fósseis e a queima de combustíveis chega a quase 90% das emissões mundiais de CO2, no Brasil reside a mão oposta do cenário global. Hoje, o país mantém quase a metade de sua matriz energética baseada em fontes renováveis.
Um dos melhores exemplos do cumprimento das metas globais de descarbonização indubitavelmente reside em solo brasileiro. A propalada “transição justa” apregoada no Acordo de Paris para que governos instaurem imediatamente políticas públicas rumo a uma acelerada e irreversível economia de baixo carbono parece ser empregada no Brasil, com sinais de que o setor produtivo esteja verdadeiramente intensificando o comprometimento com essa nova realidade reinante, exatamente como exaustivamente debateu-se na 26ª Conferência sobre Mudança do Clima da ONU, a COP 26, realizada no ano passado, em Glasgow, na Escócia. E isso é o que desejamos e para o qual a Horeb trabalha incansavelmente, ou seja, para dar vida ao planeta. Essa é a nossa missão e, creio, deva ser a de todos.
Sobre o autor: Pedro Ceja Velasco é diretor-geral da Horeb Latinoamerica, com matriz no México e sedes no Rio de Janeiro e no Panamá.
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