Artigo

Sustentabilidade em tempos de crise, por Rodolfo Nardez Sirol

Rodolfo Nardez Sirol
09/06/2016 13:24
Sustentabilidade em tempos de crise, por Rodolfo Nardez Sirol Imagem: Divulgação Visualizações: 545 (0) (0) (0) (0)

Vivemos em um período de recessão econômica. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção da indústria brasileira em 2015 teve uma redução de 8,3%. Diante deste cenário, os agentes econômicos estudam alternativas para a contenção de custos sem perder a competitividade no mercado. Mas, nem sempre a saída é cortar despesas. Investir para melhorar a eficiência também é preciso.

E por que não investir na mitigação de carbono, reciclagem, uso racional de energia elétrica e de água? Com o engajamento para conter o aquecimento global, após a Conferência do Clima (CoP-21), países deram a largada para a economia verde e empresas ganharam um estímulo para rever os seus processos operacionais para se tornarem mais sustentáveis. A definição de políticas públicas para incentivar a redução de gases de efeito estufa pode potencializar ainda mais este movimento.

O relatório intitulado “O argumento comercial para a economia verde: retorno sustentável do investimento”, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com a SustainAbility e a GlobeScan, apresenta dados econômicos convincentes que mostram as vantagens da economia de baixo carbono em ação.

Segundo o próprio relatório, uma conhecida companhia multinacional de bens de consumo chega a economizar por ano, mais de US$ 10 milhões, por meio de um plano que integra a sustentabilidade aos seus modelos de negócio. Cerca de 12,5 milhões de lares em todo o globo, que consomem seus produtos, economizam em média 30 litros durante a lavagem de roupas. Outro exemplo é uma indústria de processamento de alimentos que economizou, aproximadamente, US$ 700 mil e 338.400 m3 de água em três anos com o seu programa de redução de consumo dos recursos hídricos.

Aqui no Brasil, estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO) revelam que a queda da produção industrial resultou no aumento de 3% do desperdício de energia elétrica no ano passado. Ou seja, esteiras em linhas de produção que carregavam um determinado volume de produtos, utilizam hoje a mesma energia para carregar um número menor, além de áreas iluminadas que permanecem acesas sem necessidade. Por isso, ações de fomento à eficiência energética podem trazer um benefício direto às empresas em um curto prazo de tempo.

A troca do sistema de iluminação convencional por um modelo mais eficiente pode ser o primeiro passo. Uma lâmpada LED custa 10 vezes mais que uma lâmpada comum, porém, dura cinco vezes mais e reduz o consumo de energia elétrica entre 40 e 80%. Além disso, cada MWh/ano de energia economizada evita a emissão de 0,12 toneladas de CO2, e o retorno no investimento pode ser de um a dois anos, dependendo do projeto.

A micro e mini geração distribuída, regulamentada em 2015 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é outra possibilidade para as indústrias que desejam conciliar sustentabilidade e redução de custos, produzindo a própria energia a partir de fontes renováveis alternativas. Estudo feito pela Aneel mostra que uma indústria localizada em Fortaleza/CE pode economizar até 60% ao ano na sua fatura de energia investindo em uma planta solar de 350 kW de capacidade instalada. Isso porque o excedente de energia gerado pode ser usado para abater a conta de luz.

As empresas que investem em energia renovável terão, sem dúvida, importante ganho na reputação, além de contribuir para que o País cumpra as metas no Acordo sobre Mudança Climática de Paris. Na CoP-21, o Brasil se comprometeu a elevar de 10% para 23% o uso dessas fontes na matriz elétrica até 2030.

Foi com essa visão que a multinacional brasileira Algar Tech investiu, em parceria com a CPFL Eficiência, em duas plantas solares para abastecer os seus data centers em Campinas (SP) e Uberlândia (MG) e na modernização dos sistemas de iluminação e climatização. Esses projetos proporcionarão uma economia de 3,5 mil MWh por ano (volume suficiente para abastecer 1,165 mil famílias com o consumo mensal de 300 kWh), além de reduzir em 547,94 toneladas de emissões de CO2 (gás carbônico) por ano, equivalente ao plantio de 4,105 mil árvores.

Portanto, investir em sustentabilidade pode ser uma estratégia inteligente em um momento de crise. Empresas em transição para mitigar os seus impactos ao meio ambiente podem ter suas vendas impulsionadas, inclusive melhorando a reputação da marca. Basta encararem a crise como uma oportunidade para se reinventarem.

 

Sobre o autor: Rodolfo Nardez Sirol é diretor de Sustentabilidade e Meio Ambiente da CPFL Energia

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Seminário
PPSA destaca potencial de upsides nas áreas que serão le...
02/09/25
Apoio Offshore
Posidonia incorpora PSV Posidonia Lion, sua primeira emb...
02/09/25
Brasil
ETANOL/CEPEA: Menor oferta sustenta preços em agosto pel...
02/09/25
Meio Ambiente
Brasol reduz emissões de GEEs em 72% e atinge marca de 7...
01/09/25
Combustível
Etanol anidro e hidratado registram alta na última seman...
01/09/25
Reconhecimento
Pesquisadora do Mackenzie conquista Prêmio Inventor Petr...
29/08/25
Combustíveis
IBP e FIESP debatem descarbonização da indústria rumo à ...
29/08/25
Etanol
Asprovac, afiliada da ORPLANA, passa a ter representação...
29/08/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
29/08/25
Gás Natural
BRAVA anuncia novo modal para venda de gás na Bahia
28/08/25
Combustíveis
ANP participa da operação Carbono Oculto, para coibir ir...
28/08/25
IBP
Posicionamento - Operações representam passo fundamental...
28/08/25
Subsea
OneSubsea entrega primeira árvore de natal molhada de Bú...
28/08/25
Offshore
MODEC firma parceria para desenvolver tecnologia inédita...
28/08/25
Energia Elétrica
Bandeira vermelha eleva custo da energia, mas associados...
27/08/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
IBP debate investimentos em infraestrutura e logística n...
27/08/25
ANP
Segunda etapa de audiência pública debate classificação ...
27/08/25
IBP
RELIVRE reafirma a competência federal referente à ativi...
27/08/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
27/08/25
ANP
Pesquisa, desenvolvimento e inovação: ANP atualiza Paine...
27/08/25
Seminário
PPSA abre inscrições para Seminário de Lançamento do Lei...
27/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23