Artigo

Restrições ao uso do GLP inibe transição energética no Brasil, por Pedro Zahran Turqueto

Redação TN Petróleo/Assessoria
15/08/2024 13:34
Restrições ao uso do GLP inibe transição energética no Brasil, por Pedro Zahran Turqueto Imagem: Divulgação Visualizações: 834 (0) (0) (0) (0)

Recentemente, a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados promoveu um debate sobre o uso do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) na indústria. O evento ocorreu na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e foi destaque nas conversas do setor. As restrições ao uso do GLP para aquecimento de piscinas, saunas, caldeiras e motores surgiram em 1991, durante a Guerra do Golfo, quando os preços dos combustíveis dispararam e o governo brasileiro temia uma escassez prolongada dos derivados do petróleo.

Passados mais de 30 anos, o cenário energético global e nacional é completamente diferente. Em 2016, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) começou a flexibilizar o uso do GLP em certos equipamentos industriais, e agora, em 2024, é evidente que a legislação precisa se adaptar à nova realidade energética. O GLP se apresenta não só como uma alternativa viável, mas também como uma solução estratégica para a segurança e eficiência energética no Brasil.

Dois projetos conduzidos pela UFMS ilustram bem o potencial do GLP. Durante a pandemia de Covid-19, um gerador movido ao gás foi essencial para o funcionamento do Hospital de campanha de Campo Grande, demonstrando como seu uso pode ser uma fonte confiável e eficiente na geração de energia elétrica. Outro projeto explorou o uso de GLP para a oxigenação de tanques de piscicultura, comprovando sua viabilidade e eficiência na produção de peixes, que leva um grande benefício principalmente a agricultura familiar.

Em um mundo onde as mudanças climáticas impõem desafios cada vez maiores, é fundamental considerar fontes de energia com menor pegada de carbono. O GLP é uma dessas fontes, já que oferece uma alternativa mais limpa e segura em comparação a outros combustíveis fósseis. Está claro que não podemos esperar uma mudança instantânea do uso de combustíveis fósseis para fontes totalmente renováveis. O GLP, então, se dá como uma peça essencial nesse processo de transição.

A discussão atual sobre o GLP está, portanto, na necessidade de rever a legislação e a regulamentação da ANP, que foi criada em outra realidade, e ampliar suas aplicações. A situação de 2024 é incomparavelmente diferente daquela de 1991. Hoje, empresários, sindicatos, políticos e governos reconhecem a fragilidade das restrições existentes e a necessidade de uma atualização urgente.

A ampliação do uso do GLP também está atrelada a investimentos em infraestrutura. O novo terminal no Porto de Suape (PE), com uma unidade de 90 mil m³ de tancagem e uma capacidade de movimentar cerca de 1,5 milhão de toneladas de GLP anualmente, é um exemplo claro dessa necessidade. Esse investimento, estimado em R$ 1,2 bilhão, não só aumentará a oferta de GLP no mercado, mas também contribuirá para a redução de custos de distribuição, beneficiando toda a cadeia produtiva e os consumidores finais.

Em resumo, repito: a revisão das restrições ao uso do GLP na indústria é uma necessidade urgente. O gás é uma solução viável, eficiente e mais sustentável para a matriz energética do Brasil, pode ajudar a enfrentar os desafios climáticos e a garantir a competitividade do país no cenário global. É hora de olhar para o futuro e adaptar nossa legislação ao cenário atual, promovendo o uso do GLP como um componente essencial da nossa estratégia energética.

Sobre o autor: Pedro Zahran Turqueto é VP de Operações e Estratégia Copa Energia

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Reforma Tributária
Estudo mostra os impactos da reforma tributária no setor...
27/11/24
Reconhecimento
Foresea conquista Prêmio Inbrasc 2024 e se consolida com...
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Sistema FIERN participa da abertura e destaca apoio dado...
27/11/24
Internacional
Alexandre Silveira destaca resultados de acordos com Arg...
27/11/24
Transição Energética
Casa Firjan sedia o seminário "Bélgica Brasil: facilitan...
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Sistema FIERN leva ao Mossoró Oil & Gas Energy soluções ...
27/11/24
Meio Ambiente
Repsol Sinopec e PUCRS colocam em operação equipamento p...
27/11/24
Inteligência Artificial Generativa
IA Generativa: uma poderosa aliada
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
CEO da Brava Energia faz palestra de abertura da Mossoró...
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Integração energética gera ‘mar de oportunidade’ para o RN
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Evento coloca Mossoró no epicentro do onshore nacional
27/11/24
PD&I
Vencedores do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2024 se...
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Diretor do SENAI-RN participa de conferência sobre onsho...
27/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Sebrae lança ferramenta que promete ‘match’ entre negóci...
26/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Sistema FIERN participa da Mossoró Oil & Gas com estande...
26/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
BRAVA Energia é destaque nos três dias de programação da...
26/11/24
Mossoró Oil & Gas Expo
Workshop da ANP sobre segurança operacional em instalaçõ...
26/11/24
Energia Elétrica
Consumo de energia avança 2,1% em outubro, segundo CCEE
26/11/24
Sustentabilidade
Nova matéria-prima para combustível sustentável de aviaç...
26/11/24
Startups
NAVE ANP recebeu mais de 300 inscrições
26/11/24
Negócio
Enaex Brasil é reconhecida como líder em governança corp...
26/11/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21