Artigo

O peso da energia elétrica na economia, por Caroline Franceschi André

Caroline Franceschi André
21/06/2016 14:45
Visualizações: 541 (0) (0) (0) (0)

Tem sido noticiado que a energia elétrica ficaria mais barata já no último mês de abril. Após os enormes aumentos tarifários do ano passado, talvez se pense que a redução será grande. Contudo, não é nada disso.

O ano de 2014 foi marcado pela manutenção artificial dos preços e tarifas, administrados indiretamente pelo governo, que impactavam o bolso dos cidadãos, ou melhor, dos eleitores. Foram postergados aumentos nos combustíveis, energia elétrica, entre outros. O que se viu, logo após as eleições, foi um aumento generalizado nos preços e tarifas.

No caso da energia elétrica, houve grande majoração das tarifas, já no início de 2015. Ocorreram em diferentes percentuais, dependendo da região do país e das distribuidoras. O acréscimo, entre janeiro e outubro, medido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), foi de 49%. As justificativas foram a necessidade de se cobrir prejuízos das empresas distribuidores, bem como a falta de chuvas, que acarretaram o uso de termoelétricas. Acrescente-se a isso os preços represados no ano anterior.

Além dos acréscimos percentuais, foram instituídas bandeiras (degraus) tarifárias, verde, amarela e vermelha, para cobrar ainda mais com maior consumo. O resultado real é que muitos consumidores passaram a ter aumentos superiores a 70%.

Em fevereiro deste ano, entretanto, o Ministro das Minas e Energia anunciou o desligamento das termoelétricas, com o consumidor pagando menos pela energia, em torno de 6% a 7%, a partir deste mês de abril. A redução, porém, será bem menor.

Para os usuários residenciais, os percentuais de redução dependem dos níveis de consumo e empresas de energia. Estima-se, no caso da Eletropaulo, em São Paulo, que a redução média será de 3%; já da Light, no Rio de Janeiro, de 2,5%. Isso significa que a redução na conta será desprezível. Portanto, nada a comemorar.

Seria uma visão míope olhar apenas a questão doméstica. Em uma economia globalizada, altamente acirrada, países competitivos têm que possuir condições altamente favoráveis de infraestrutura, tais como portos, estradas, ferrovias, telecomunicações, água, saneamento e energia elétrica. E, além da disponibilidade com qualidade, as tarifas devem ser baixas.

Segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), quanto ao custo da energia elétrica, o Brasil ostenta a sexta pior posição no mundo, com R$ 402,26 por MWh. Comparando-se com outros países, o custo brasileiro é sete vezes o da Argentina (R$ 57,6 MWh), quatro vezes o do Paraguai (R$ 97,8 MWh), 3,1 vezes o do Canadá (R $130 MWh) e Estados Unidos (R$ 128,2 MWh).

Com um parque industrial altamente dependente de energia elétrica, exige-se uma política governamental que viabilize energia barata, impostos baixos e adequada infraestrutura. Se isso não ocorrer, caminharemos a passos largos à desindustrialização do país. As empresas não precisarão nem continuar a migração para a China. Bastará cruzar a fronteira do Paraguai e da Argentina.

 

Sobre a autora: Caroline Franceschi André é advogada sócia do Escritório A. Augusto Grellert Advogados Associados, é líder do setor de Direito Público, especialista em Processo Civil e ministra palestras na área de licitações.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
IBP
Carta Aberta em apoio à ANP na classificação de gasoduto...
27/08/25
Logística
Vast Infraestrutura inicia construção do parque de tanca...
26/08/25
Biodiesel
Rumo a uma navegação mais sustentável, Citrosuco inicia ...
26/08/25
ANP
Oferta Permanente de Concessão: resultado parcial do 5º ...
26/08/25
PD&I
Projeto Embrapii transforma algas de usinas hidrelétrica...
26/08/25
PPSA
Leilão de Áreas Não Contratadas será realizado em dezembro
26/08/25
IBP
Desafio iUP Innovation Connections inicia etapa de capac...
25/08/25
Transição Energética
Fórum Nordeste 2025 discute energias renováveis, sustent...
25/08/25
Margem Equatorial
10 perguntas e respostas sobre a Avaliação Pré-Operacion...
25/08/25
Internacional
UNICA participa de encontro internacional na Coreia de S...
25/08/25
Reconhecimento
HPG Lab é premiado no Prêmio Inventor Petrobras 2025 com...
25/08/25
Combustíveis
Etanol anidro recua e hidratado sobe na semana de 18 a 2...
25/08/25
Firjan
Rede de Oportunidades na Navalshore 2025 bate recorde de...
22/08/25
Mobilidade Sustentável
Shell Eco-marathon Brasil 2025 desafia os limites da mob...
22/08/25
Evento
Cubo Maritime & Port completa três anos acelerando desca...
22/08/25
IBP
27º Encontro do Asfalto discute futuro da pavimentação c...
22/08/25
RenovaBio
ANP aprova primeiro certificado da produção eficiente de...
22/08/25
Pessoas
Bruno Moretti é o novo presidente do Conselho de Adminis...
22/08/25
Gasodutos
ANP realizará consulta pública sobre propostas tarifária...
21/08/25
Combustíveis
Revendedores de combustíveis: ANP divulga orientações de...
21/08/25
Firjan
Investimentos no estado do Rio de Janeiro podem alcançar...
21/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23