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O biogás e a segurança energética, por Jacyr Costa Filho

Redação TN Petróleo/Assessoria
23/06/2021 14:39
O biogás e a segurança energética, por Jacyr Costa Filho Imagem: Divulgação Visualizações: 916 (0) (0) (0) (0)

Institucional

O período de longa estiagem que afeta os reservatórios das hidrelétricas na região Sudeste tem sido motivo de preocupação geral. Acionam-se usinas de reserva, caras e poluentes, como as termoelétricas movidas a diesel e a carvão, para garantir segurança energética. Entramos em bandeira vermelha.

Se olharmos, porém, essa questão pela ótica das oportunidades, poderíamos acenar uma bandeira verde incentivando o potencial do setor sucroenergético na produção de biogás. Várias usinas no Estado de São Paulo já iniciaram este processo aproveitando a vinhaça, resíduo da fabricação de açúcar e etanol, e aumentando, em consequência, a cogeração de energia elétrica.

O biogás é uma fonte renovável que pode ser utilizada durante os meses de moagem da cana-de-açúcar, que coincidem com o período seco, economizando água nos reservatórios das hidroelétricas. Estima-se que, somado o volume de biogás extraído de resíduos da indústria da cana ao biogás obtido de subprodutos de proteína animal, será possível atender a uma parcela importante da demanda nacional por energia elétrica.

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Comparado ao gás natural gerado de fontes poluentes, o biogás, além de ser limpo e renovável, também apresenta outras vantagens comparativas em termos de logística e custos de produção. Diferentemente do gás fóssil, a sua produção é descentralizada. Pode ter origem na lavoura ou em qualquer parte do Brasil urbanizado.

Reaproveitando, há décadas, o bagaço e a palha da cana que sobram da colheita para produzir bioeletricidade, a indústria sucroenergética novamente serve de modelo ao utilizar resíduos como a torta de filtro e a vinhaça na produção de biogás, evitando desperdícios.

Este biocombustível também pode servir na fabricação de biometano, neste caso substituindo o diesel consumido no Brasil. Montadoras como Scania e Volvo já estão oferecendo caminhões e ônibus abastecidos com este novo combustível verde.

Recentemente, o Ministério de Minas e Energia (MME) calculou o potencial de biogás no Brasil, considerando apenas a vinhaça como matéria-prima. A partir deste subproduto, é possível obter um volume correspondente ao dobro do que o País importou, em 2019, em gás natural fóssil da Bolívia. A projeção sugere que a partir da vinhaça, poderíamos extrair 45 milhões de m³ de biogás por dia em 2030. A data, por sinal, coincide com o horizonte fixado pelo Brasil para cumprimento de suas metas ambientais no Acordo de Paris.

Sobre o autor: Jacyr Costa Filho é presidente do COSAG - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da Agroadvice.

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