Artigo Exclusivo

Critérios ESG e o mercado de óleo & gás, por Antonio Augusto Reis, Adriana Moura Mattos e Gabriela Trovões Cabral


30/03/2021 12:30
Critérios ESG e o mercado de óleo & gás, por Antonio Augusto Reis, Adriana Moura Mattos e Gabriela Trovões Cabral Imagem: Divulgação Visualizações: 1638 (0) (0) (0) (0)

A transição para uma economia de baixo carbono tem impulsionado mudanças na indústria de energia ao redor do mundo. Por essa razão, o setor de Óleo & Gás tem sido cada vez mais exposto às discussões sobre a transição energética à luz da sustentabilidade, vista principalmente sob a perspectiva dos critérios ambientais, sociais e de governança, ou ESG (Environmental, Social and Governance).

Embora o tema da economia de baixo carbono seja amplamente discutido desde a Eco92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - 1992) e que a comunidade internacional, nas últimas décadas, tenha firmado compromissos positivos com vistas a reduzir a emissão de gases estufa, como o Protocolo de Quioto (1997) e o Acordo de Paris (2015), há novas nuances do debate, especialmente quanto à regulamentação dos mecanismos de compensação e comércio de emissões de carbono, a Agenda 2030 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) e o crescimento do interesse pelos critérios ESG pelos investidores e pela sociedade.

Institucional

Desde 2020, a pauta se direciona para a adoção de compromissos positivos pelas companhias. Um dos impulsos foi a publicação, em janeiro de 2020, da Carta de Larry Fink, CEO da BlackRock, que reconheceu as mudanças climáticas como fator decisivo da atividade econômica a longo prazo e trouxe a urgência de uma mudança estrutural nas finanças para compreender as mudanças climáticas como um risco de investimento. Para além da reflexão, a BlackRock firmou uma tendência ao colocar a sustentabilidade no centro da decisão de investimento.

A adoção dos critérios ESG, portanto, pode ser vista como oportunidade pelas companhias do setor de Óleo & Gás. Isso porque tais critérios se refletem no planejamento empresarial e auxiliam na identificação, gestão e mitigação adequada dos riscos inerentes à atividade, de forma interseccional e adequada à realidade da companhia, à forma como desempenha seu negócio e aos locais e comunidades onde atua. Assim, permite maior resiliência para o negócio enquanto promove adaptação às tendências do mercado.

Divulgação

Para os próximos cinco anos, especialmente em virtude do contexto pós-pandemia da Covid-19, o World Economic Forum sinaliza desafios como o aumento dos eventos climáticos extremos, estagnação econômica prolongada, choques nos preços das commodities, dentre outros, os quais exigirão ainda mais resiliência das companhias e uma abordagem mais interdisciplinar e inovadora. Ainda, conforme a S&P, os principais riscos ESG da indústria de Óleo & Gás andam lado a lado com a transição energética, face ao aumento do apetite do mercado e o interesse dos agentes reguladores pela economia de baixo carbono, o que torna esses stakeholders mais atentos aos riscos e impactos socioambientais atividade.

Esses riscos se somam aos desafios tradicionais da indústria, do que decorre a complexificação e ampliação dos temas de interesse do setor, e não mera substituição. A necessidade de inovação tecnológica para solucionar a complexidade crescente das operações, as disputas sociais decorrentes da implementação da infraestrutura, a oscilação de preços no mercado e a demanda por maior transparência são desafios tradicionais que também podem ser abordados sob uma perspectiva ESG.

O caminho ESG certamente não é simples, mas, para além da clareza sobre fragilidades e pontos fortes da companhia, a longo prazo apresenta vantagens competitivas relevantes: em 2020, 81% das companhias listadas em índices sustentáveis tiveram desempenho acima do esperado em relação aos índices de referência, segundo pesquisa da BlackRock. Isso porque as métricas ESG visam contemplar todos os stakeholders de forma equitativa, combinando desempenho financeiro e segurança do investimento com a gestão adequada do impacto ambiental, a melhoria contínua das condições de trabalho, o atendimento a anseios das comunidades impactadas, bem como boa performance operacional e adaptabilidade. Nesse cenário parece inquestionável, portanto, que prosperarão nos médio e longo prazos as empresas que estruturarem e efetivamente implementarem um processo sério e efetivo de integração ESG.

Sobre os autores:

Antonio Augusto Reis é sócio do escritório Mattos Filho. Ele é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e mestre em Direito Ambiental (LL.M) pela Pace University School of Law (EUA), o advogado atua nas áreas de Ambiental, Contencioso e Arbitragem e ESG em temas relacionados à consultoria e ao contencioso ambiental, operações de M&A, auditorias, estruturação de projetos, processos de licenciamento ambiental, consultas e pareceres em geral.

Adriana Moura Mattos é advogada do escritório Mattos Filho. Formada em Direito pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Gestão e Políticas Públicas pela FGV, a advogada atua nas áreas de ESG e Organizações da Sociedade Civil, Negócios Sociais e Direitos Humanos

Gabriela Trovões Cabral é advogada do escritório Mattos Filho. Formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, a advogada atua nas áreas de ESG e Ambiental

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Rio Pipeline & Logistics 2025
Projetos offshore ampliar segurança energética no Brasil...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Mulheres no Midstream: painel reúne histórias inspirador...
11/09/25
PPSA
Com 176,5 mil bpd, produção de petróleo e gás natural da...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Exposição da Rio Pipeline 2025 destaca inovações em ener...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Tanacas comemora 25 anos com lançamento do Retificador I...
11/09/25
Produção
Produção de petróleo e gás natural da União alcançam nov...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Brasil e Argentina estão próximos de acordo sobre comérc...
11/09/25
Combustíveis
Diesel fica mais caro em agosto na comparação com julho,...
11/09/25
São Paulo
FIEE 2025 mostra que mobilidade elétrica conecta indústr...
11/09/25
Refino
Petrobras produz SAF com conteúdo renovável na Revap
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Novo duto com 2 mil km para atender ao agronegócio do Ce...
11/09/25
Biocombustível
OceanPact e Vast Infraestrutura iniciam testes com bioco...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
ITP Brasil apresenta soluções de engenharia de alta perf...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Panorama dos investimentos em infraestrutura de dutos e ...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Jovens talentos apresentam soluções inovadoras no Young ...
10/09/25
Leilão
PPSA disponibiliza acesso ao Pacote de Dados Híbrido do ...
10/09/25
Internacional
Durante a Gastech em Milão, governador de Sergipe aprese...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Ministério de Portos e Aeroportos quer ampliar participa...
10/09/25
Pessoas
ANP realiza cerimônia de posse de novos diretores
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Rio Pipeline & Logistics 2025 abre com reforço à integra...
09/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Na Transpetro, ações de responsabilidade social atendem ...
09/09/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23