Artigo

Crise hídrica e comunicação falha

Redação/Assessoria
04/09/2015 14:36
Crise hídrica e comunicação falha Imagem: Paulo Afonso Visualizações: 498 (0) (0) (0) (0)

 

Aparentemente, as autoridades brasileiras em todos os níveis da Administração Pública não estão compreendendo a gravidade da situação hídrica e climática que viveremos nos próximos meses. Isso porque as comunicações ao público carecem de conteúdo, reiterando repetidamente que a situação está sob controle, que os reservatórios estão num padrão aceitável e que os recursos hídricos suportarão o aumento da demanda, diminuindo a possibilidade de racionamento. Apontam, de modo geral, para chuvas que virão amenizar o problema.
A realidade é outra. Os rios estão secando, a vazão diminuindo a cada dia, tornando a situação pior do que no mesmo período do ano passado. Grandes reservatórios não recuperaram sua capacidade anterior, operando ainda com volume morto, portanto, abaixo do nível normal. Não há previsão de chuva significativa. Previsões de inúmeros órgãos internacionais apontam para ondas de calor de longa duração que agravarão a sensação térmica com temperaturas recordes neste ano.
As ondas de calor que atingiram a América do Norte, Europa, e diversos países asiáticos, embora normais, foram bastante incomuns, pois o aquecimento global que provoca as mudanças climáticas, fez com que sua frequência, intensidade e alcance aumentassem. Os resultados foram dezenas de milhares de pessoas hospitalizadas e muitas mortes. O Japão, que conta com um ótimo sistema de alarme e de enfrentamento de desastres desse tipo, registrou dezenas de milhares de pessoas hospitalizadas e muitas mortes somente no último mês de julho.
No início do mês de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgaram novas orientações para enfrentar as contínuas ondas de calor que atingem o planeta. Manifestam a preocupação com o agravamento das condições climáticas no mundo e, em particular, com as altas temperaturas, a frequência e a intensidade das ondas de calor. Um dos pontos destacados é a necessidade de informação sobre o clima e os serviços de apoio como o gerenciamento do calor como um risco e a necessidade de se criarem sistemas de alerta para que a população e os governos estejam preparados.
Os cientistas apontam que enfrentaremos as maiores temperaturas desde que se iniciaram as medições no século XIX. No Brasil, as diversas instâncias governamentais já deveriam estar preparadas e, principalmente, alertando a população com comunicações realistas e um amplo trabalho de educação ambiental que prepare crianças, jovens e adultos a enfrentarem essa nova situação.
A má gestão, aliada à elevação das temperaturas, forma um caldo de cultura com consequências gravíssimas para os cidadãos, e particularmente, para aqueles mais pobres, que não tem acesso a equipamentos que amenizem os efeitos do calor.
O calor excessivo pode causar hidratação, insolação, enjoo, acidentes vasculares e atingem principalmente as crianças, os idosos e os doentes. A criação de sistemas de enfrentamento da crise hídrica que se aproxima é urgente, com destaque para a informação correta da população, sem meias palavras ou inverdades. A máxima é utilizar as palavras corretas para situações concretas.
O racionamento já ocorre para boa parte da população em várias regiões brasileiras, em particular na cidade de São Paulo, exatamente nos bairros onde reside a população mais carente. Reconhecer a gravidade da situação é o primeiro passo para enfrentar com sucesso o problema e o seu agravamento.
Somente com o público informado, e com uma participação ativa no processo de uso racional da água, poderemos evitar uma catástrofe maior do que aquela que ocorreu no ano passado. O calor virá, a chuva será pouca, e para agravar a situação, o fenômeno El Niño, que ocorre devido ao aumento da temperatura nas águas do pacífico, e nos atinge diretamente, será um dos mais significativos e duradouros dos últimos anos. Ainda dá tempo de mobilizar a população para evitar o pior!
*Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Campinas. Doutor em Ciências Sociais, mestre em Ciência Política pela Unicamp e especialista em Ciências Ambientais.

Aparentemente, as autoridades brasileiras em todos os níveis da Administração Pública não estão compreendendo a gravidade da situação hídrica e climática que viveremos nos próximos meses. Isso porque as comunicações ao público carecem de conteúdo, reiterando repetidamente que a situação está sob controle, que os reservatórios estão num padrão aceitável e que os recursos hídricos suportarão o aumento da demanda, diminuindo a possibilidade de racionamento. Apontam, de modo geral, para chuvas que virão amenizar o problema.

A realidade é outra. Os rios estão secando, a vazão diminuindo a cada dia, tornando a situação pior do que no mesmo período do ano passado. Grandes reservatórios não recuperaram sua capacidade anterior, operando ainda com volume morto, portanto, abaixo do nível normal. Não há previsão de chuva significativa. Previsões de inúmeros órgãos internacionais apontam para ondas de calor de longa duração que agravarão a sensação térmica com temperaturas recordes neste ano.

As ondas de calor que atingiram a América do Norte, Europa, e diversos países asiáticos, embora normais, foram bastante incomuns, pois o aquecimento global que provoca as mudanças climáticas, fez com que sua frequência, intensidade e alcance aumentassem. Os resultados foram dezenas de milhares de pessoas hospitalizadas e muitas mortes. O Japão, que conta com um ótimo sistema de alarme e de enfrentamento de desastres desse tipo, registrou dezenas de milhares de pessoas hospitalizadas e muitas mortes somente no último mês de julho.

No início do mês de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgaram novas orientações para enfrentar as contínuas ondas de calor que atingem o planeta. Manifestam a preocupação com o agravamento das condições climáticas no mundo e, em particular, com as altas temperaturas, a frequência e a intensidade das ondas de calor. Um dos pontos destacados é a necessidade de informação sobre o clima e os serviços de apoio como o gerenciamento do calor como um risco e a necessidade de se criarem sistemas de alerta para que a população e os governos estejam preparados.

Os cientistas apontam que enfrentaremos as maiores temperaturas desde que se iniciaram as medições no século XIX. No Brasil, as diversas instâncias governamentais já deveriam estar preparadas e, principalmente, alertando a população com comunicações realistas e um amplo trabalho de educação ambiental que prepare crianças, jovens e adultos a enfrentarem essa nova situação.

A má gestão, aliada à elevação das temperaturas, forma um caldo de cultura com consequências gravíssimas para os cidadãos, e particularmente, para aqueles mais pobres, que não tem acesso a equipamentos que amenizem os efeitos do calor.

O calor excessivo pode causar hidratação, insolação, enjoo, acidentes vasculares e atingem principalmente as crianças, os idosos e os doentes. A criação de sistemas de enfrentamento da crise hídrica que se aproxima é urgente, com destaque para a informação correta da população, sem meias palavras ou inverdades. A máxima é utilizar as palavras corretas para situações concretas.

O racionamento já ocorre para boa parte da população em várias regiões brasileiras, em particular na cidade de São Paulo, exatamente nos bairros onde reside a população mais carente. Reconhecer a gravidade da situação é o primeiro passo para enfrentar com sucesso o problema e o seu agravamento.

Somente com o público informado, e com uma participação ativa no processo de uso racional da água, poderemos evitar uma catástrofe maior do que aquela que ocorreu no ano passado. O calor virá, a chuva será pouca, e para agravar a situação, o fenômeno El Niño, que ocorre devido ao aumento da temperatura nas águas do pacífico, e nos atinge diretamente, será um dos mais significativos e duradouros dos últimos anos. Ainda dá tempo de mobilizar a população para evitar o pior!

*Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Campinas. Doutor em Ciências Sociais, mestre em Ciência Política pela Unicamp e especialista em Ciências Ambientais.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Offshore
MODEC firma parceria para desenvolver tecnologia inédita...
28/08/25
Energia Elétrica
Bandeira vermelha eleva custo da energia, mas associados...
27/08/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
IBP debate investimentos em infraestrutura e logística n...
27/08/25
ANP
Segunda etapa de audiência pública debate classificação ...
27/08/25
IBP
RELIVRE reafirma a competência federal referente à ativi...
27/08/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
27/08/25
ANP
Pesquisa, desenvolvimento e inovação: ANP atualiza Paine...
27/08/25
Seminário
PPSA abre inscrições para Seminário de Lançamento do Lei...
27/08/25
IBP
Carta Aberta em apoio à ANP na classificação de gasoduto...
27/08/25
Logística
Vast Infraestrutura inicia construção do parque de tanca...
26/08/25
Biodiesel
Rumo a uma navegação mais sustentável, Citrosuco inicia ...
26/08/25
ANP
Oferta Permanente de Concessão: resultado parcial do 5º ...
26/08/25
PD&I
Projeto Embrapii transforma algas de usinas hidrelétrica...
26/08/25
PPSA
Leilão de Áreas Não Contratadas será realizado em dezembro
26/08/25
IBP
Desafio iUP Innovation Connections inicia etapa de capac...
25/08/25
Transição Energética
Fórum Nordeste 2025 discute energias renováveis, sustent...
25/08/25
Margem Equatorial
10 perguntas e respostas sobre a Avaliação Pré-Operacion...
25/08/25
Internacional
UNICA participa de encontro internacional na Coreia de S...
25/08/25
Reconhecimento
HPG Lab é premiado no Prêmio Inventor Petrobras 2025 com...
25/08/25
Combustíveis
Etanol anidro recua e hidratado sobe na semana de 18 a 2...
25/08/25
Firjan
Rede de Oportunidades na Navalshore 2025 bate recorde de...
22/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23