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Como Volodymyr Zelensky ensina ao mundo a diferença entre liderar e chefiar, por André Luiz Barros

Redação TN Petróleo/Assessoria
02/03/2022 12:20
Como Volodymyr Zelensky ensina ao mundo a diferença entre liderar e chefiar, por André Luiz Barros Imagem: Divulgação Visualizações: 1876 (0) (0) (0) (0)

Quero começar este texto deixando claro que eu jamais imaginaria que fosse pensar em escrever sobre guerra ou qualquer coisa relacionada a guerra nesta coluna especialmente pós-Covid e ter feito isso, de algum modo bastante inédito, me entristece. Adoraria não ter feito associações entre a guerra e perfis de liderança, mas o fato é que isso aconteceu e eu achei por bem compartilhar. O tema hoje é liderança e diversidade de formação.

Gostaria de convidar a todos para ampliarem a leitura mais óbvia que temos de diversidade porque talvez aqui eu esteja falando de diversidade utilizando um homem, branco, hétero, cis, com seus lá quarenta e pouco anos, europeu e com dinheiro, como exemplo, mas a diversidade que me deparo neste caso, mais especificamente representada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é a de formação e não podemos subestimar o tema, em especial se formos considerar o cenário brasileiro em que educação de qualidade não é acessada por grande parte da sociedade e se formar com êxito em uma escola de Ensino Superior de renome é privilégio de pouquíssimos, ainda inclusive, que estes centros de educação de grande prestígio, em sua maioria, sejam públicos, ou supostamente públicos. Zelensky redefiniu a posição de Chefe de Estado para Líder de Estado com mérito.

Assim que os indícios de que a guerra de fato iria se estabelecer na Ucrânia, o mundo voltou seus olhos para o país, mas mais especificamente para o seu maior líder, Zelensky. A mídia foi prontamente dura, quase se esquivou de falar que ele foi eleito pelo povo democraticamente, para ao invés disso, enfocar a cobertura evocando pejorativamente sua formação e trajetória profissional enquanto ator e comediante, como se a carreira de ator e comediante inclusive muito se afastasse do desempenho de muitos políticos que conhecemos com proximidade. Aliás fiz um teste no Google e antes de aparecer ‘Volodymyr Zelensky presidente da ucrânia’ pelo menos outras 5 associações aparecem como de maior procura associdada, entre elas ´Volodymyr Zelensky filmes e programas de TV’ e ‘Volodymyr Zelensky comediante’.

Como um ator e comediante performaria a frente de um país que estava sendo atacado por um dos maiores exércitos do mundo em quantidade, em tecnologia, em equipamentos bélicos em pleno século XXI? As tropas russas avançavam sobre o país e não demorou para que o chefe de Estado ucraniano, se mostrasse o líder de Estado ucraniano, para a perplexidade de todos, pelo menos da maior parte de quem não tivesse votado nele e estivesse fora do território ucraniano.

Não me surpreende o fato de termos em nosso imaginário que certos perfis se acomodariam melhor em determinadas vagas de liderança que outros e talvez boa parte deste perfil imaginário seja até o perfil físico aparente dele, mas sua formação e sua história, pegaram todos de surpresa. Estaria um comediante engajando uma população inteira a resistir corajosamente contra tanques e aviões a jato enquanto mantinha uma agenda política de negociações conflituosas com os maiores líderes do G8 e instituições globais de diplomacia do mundo e mesmo assim, dado a cara a tapa, colocando a mão na massa, driblando o foco das agressões de um dos mais emblemáticos Estadistas da história recente do mundo de acordo com o próprio Departamento de Estado dos EUA e ainda assim mantendo um discurso empático com todos os seus stakeholders em especial seu público interno? Sim. Uma verdadeira aula de liderança ao vivo para o mundo todo sob o olhar da mídia, redes sociais e radares russos.

Não que este comportamento não devesse ser default a todos os chefes de Estado do planeta, mas ele é raridade, especialmente se considerarmos que o que se esperava de Zelensky era uma atuação coadjuvante, acovardada, com ordens avulsas e algumas piadas, típico de quem não tem o que se entende como devida experiência no assunto. Li em uma matéria da CNN um trecho que só reiterou o que estava construindo como opinião, “o desafio do líder ucraniano inspirou e envergonhou os Estados Unidos e a União Europeia a irem muito mais longe – e muito mais rápido – transformando a Rússia em um estado pária do que pareciam estar prontos para ir” e mais, “o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e sua nação corajosa já fizeram mais para transformar a política do Ocidente em relação à Rússia do que 30 anos de cúpulas pós-Guerra Fria, redefinições de políticas e confrontos com o presidente russo Vladimir Putin.” O presidente passou de político outsider a influenciador global de decisões e engajamento pró-Ucrânia e tudo isso com um excelente uso das redes sociais e um tom corajoso e firme, inclusive ao ter decidido não sair de Kiev rejeitando convite dos EUA.

O improvável Zelensky traz fatos e dados, nem sempre o maior líder é o que tem a melhor formação acadêmica no que tange a universidades renomadas, o melhor CR, a trajetória profissional mais linear, os melhores intercâmbios, o aparente melhor CEP ou ainda a mais larga quantidade de experiências pregressas – até porque acesso a melhores universidades, intercâmbios e CEP, por exemplo, têm mais a ver com privilégios sociais do que garantia de qualidade de entrega, ô! Zelensky nos mostra que liderança é perfil comportamental de alguém que inclusive passou por tantas experiências e lugares não óbvios, e lidou com tantas pessoas diferentes, que teve que, sob certa medida, desenvolver na vida o autêntico respeito ao outro e a responsabilidade de engajar trabalhando autoestima do próximo, inclusive de seus “superiores”.

Trocando em miúdos, como diria minha avó, listo 10 comportamentos que têm feito dele um líder, distanciando-o cada vez mais da posição de pura e simplesmente de chefe de Estado. Até porque exatamente por ainda estarmos digerindo os efeitos da Covid-19 em nossas vidas pessoais e profissionais, este tema nunca foi se fez tão relevante para reflexões.

  1. Coloca a mão na massa e não apenas delega. Se faz necessário.
  2. Assume erros e acertos, dando a cara a tapa quando preciso em nome de seus liderados;
  3. Passeia por todos os públicos com autenticidade e respeito;
  4. Seus liderados estão sempre em primeiro lugar;
  5. Não bajula líderes superiores para convencê-los do que quer ou precisa;
  6. Tem um propósito firme e é inspirador;
  7. Produz conteúdo e domina o uso de redes sociais;
  8. Mantém um discurso empático e motivacional todo dia;
  9. Utiliza sua trajetória a seu favor e não como agente diminuidor do outro;
  10. Se posiciona em prol de coletividades.

A pandemia de Covid-19 impactou empresas de todos os segmentos no mundo todo. Neste momento, em muitas companhias, a comunicação corporativa integrou ativamente os comitês de tomada de decisões e ocupou um lugar de protagonismo, em especial para combate massivo à desinformação e fake news. Pensando nisso, a revista TN Petróleo, que sempre teve seu olhar para o tema dentro do nosso setor, lança a partir de hoje, uma coluna exclusiva sobre o assunto.

Os textos abordarão temas gerais da comunicação organizacional interna e externa; relacionamento com imprensa; redes sociais e marketing digital; reputação e imagem e assuntos de discussão mais recente como cultura e marca; propósito e employer branding.

O novo espaço será editado por Lia Medeiros (foto), diretora de Comunicação, Sustentabilidade e Pessoas da TN Petróleo, e assinado pelo jornalista André Luiz Barros, que há 12 anos trabalha com comunicação corporativa e atualmente acumula o cargo de gerente de comunicação em uma empresa do setor de óleo e gás.

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