Artigo

Biodiesel não é óleo vegetal

O engenheiro da SAE BRASIL Gian Marques alerta para os perigos de uso do biodiesel em concentrações maiores do que 2% e de biocombustíveis sem especificações.


03/04/2007 03:00
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Biodiesel não é óleo vegetal e não deve ser utilizado em misturas acima de 2% ao diesel comum, sob risco de causar uma variedade de problemas referentes a performance do motor, entupimentos dos filtros, carbonização dos injetores, furo e quebra dos anéis do pistão, ressecamento e ruptura dos selos e degradação severa do óleo lubrificante do motor. Ou seja, o prejuízo pode ser grande.

Pode parecer uma dica óbvia, mas tem muito aventureiro utilizando B5, B20, B30, B100 e até mesmo adicionando óleo vegetal puro no tanque de combustível acreditando que assim estará economizando. O biodiesel é um produto obtido a partir de um processo químico chamado transesterificação, em que é feita a reação de óleos vegetais com metanol ou etanol, na presença de um catalisador. Os produtos desta reação são a mistura de ésteres etílicos ou metílicos de ácidos graxos, que compõe o próprio biodiesel e glicerina, cujo maior constituinte é o glicerol.

Este processo é necessário para retirar a glicerina contida nas moléculas dos óleos vegetais. Sua utilização indiscriminada pode causar problemas de carbonização e depósitos nos bicos injetores e sedes de válvulas, além do desgaste prematuro dos pistões, dos anéis de segmento e dos cilindros. Outros problemas estão relacionados à diluição do óleo lubrificante, dificuldade de partida a frio, queima irregular, eficiência térmica reduzida, odor desagradável dos gases de descarga e emissão de acroleína, substância tóxica emitida a partir da queima da glicerina contida nos óleos vegetais.

Por estas razões são recomendadas a realização de testes e uma especificação mais detalhada do biodiesel puro, para garantir que não ocorram problemas com os motores convencionais. O biodiesel pode ser obtido de diversas fontes, a partir tanto dos óleos vegetais, como os de dendê, copaíba, amendoim, soja, algodão e mamona, quanto a partir das gorduras animais e dos resíduos gordurosos. A experiência internacional na produção industrial é concentrada no uso de óleo de colza, girassol e soja. Em menor escala também se encontra a experiência com uso de óleos residuais.

Por isso, cuidados devem ser tomados no sentido de promover a normatização das propriedades do biodiesel, que se considerados, garantem sua utilização em motores originalmente projetados para o uso de óleo diesel sem a necessidade de adaptações e minimizando a incidência de falhas. Além disso, tendo em vista a importância que o biodiesel assumirá futuramente no mundo e principalmente no Brasil, onde assume proporções não só econômicas, mas também sociais, torna-se necessário vislumbrar um cenário futuro onde a indústria automobilística, após realização de testes e discussões sobre a normatização brasileira do biodiesel, possa garantir o uso de mistura maiores que 2% de biodiesel no diesel. A indústria automobilística recomenda e suporta iniciativas que tragam novas experiências sobre a influência do biodiesel em seus veículos para criar uma atmosfera produtiva de discussão sobre os possíveis problemas, soluções e desafios para utilização de biodiesel no Brasil.

 *Gian Marques é engenheiro e especialista em Combustíveis e
Lubrificantes da Seção Rio de Janeiro da SAE BRASIL.

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