Redação TN Petróleo/Assessoria
A AIE, Agência Internacional de Energia, traça o caminho para emissões zero até 2050, fundamentada em alguns pilares: eficiência energética, mudanças comportamentais, eletrificação, energias renováveis, hidrogênio, bioenergia e captura e armazenamento de carbono (CCS).
Até 2050 todo o setor de energia será capaz de ser neutro em carbono? Mas de que forma atingir um objetivo tão ambicioso?
A agência procura dar um roteiro em um relatório que pede que não se invista mais em novos poços de petróleo até 2035 e que a venda de carros com motores de combustão interna seja proibida no mesmo ano. Então, serão veículos movidos a etanol, eletricidade ou GNV. E fica a pergunta, terá o mundo estas energias disponibilizadas para substituir os atuais veículos e embarcações a diesel e a gasolina?
E pensar que há poucos anos atrás, a própria AIE alertava sobre o risco de gargalos no abastecimento de petróleo e gás. Agora, mudou de rumo, e adota o combate às mudanças climáticas e por isso a Agência pede para focar nas fontes renováveis e concentrar fortes investimentos nelas.
Mas a queda da demanda de petróleo já começou em face da pandemia, enquanto a de gás natural ainda se manterá pois é considerado o combustível da transição energética, por um bom tempo.
Vamos abordar de forma resumida estes 7 pilares. O primeiro deles é o da eficiência energética, através medidas simples nas industrias, nos Prédios Comerciais e residenciais e nas residências. Entretanto melhorias profundas deverão acontecer no setor de transportes, com aumento do número de veículos elétricos nas grandes capitais visando a redução do valor das emissões de carbono, e inclusive nas estradas. A proposta é de ampliação dos veículos elétricos das atuais 1% em 2020, para 20% em 2030 e 60% em 2040, com proibição total de motores de combustão interna até 2035.
O segundo é o de mudanças comportamentais por parte dos consumidores, visando o desperdício de energia, ganho de eficiência dos materiais e troca no modo de transporte através da redução da velocidade nas rodovias para 100km/hora, bem como a redução da temperatura da agua quente para os prédios e Residências.
O terceiro pilar é o da eletrificação, na substituição aos combustíveis fósseis, na geração de energia, e nos veículos, o que necessitaria de grandes investimentos face a duplicação da demanda por energia elétrica.
E de onde virá esta energia elétrica?
Vale destacar que de acordo com as projeções da AIE em 2050, a demanda de energia do planeta será 8% menor que a atual. Um parâmetro de eficiência que ganha ainda mais valor se considerarmos que o sistema econômico valerá o dobro do atual e a população mundial será 2 bilhões de pessoas a mais (passaremos de 7,8 a quase 10 bilhões de pessoas em 10 anos). Em 2030, 90% da energia deverá ser produzida justamente por fontes renováveis.
O quarto pilar é o das energias renováveis, chave para a redução das emissões de carbono. As gerações eólicas e solares deverão aumentar cerca de 8 a 10 vezes até 2050, constituindo-se em uma parcela fantástica de investimentos no mundo.
A AIE prevê que os gastos dos atuais US$ 2 trilhões por ano aumentem para US$ 5 trilhões até 2030 e que esse valor seja mantido constante ao longo dos anos seguintes. Com isso, a energia solar e eólica produzida em 2030 será quatro vezes maior do que em 2020, que já foi um ano recorde.
• Solar: 630 gigawatts em 2030
• Energia eólica: 390 gigawatts em 2030
O quinto pilar é o Hidrogênio como combustível. Atualmente o uso está abaixo de 90 milhões de TM em 2020 e a previsão seria para mais de 200 milhões de TM (toneladas métricas). Um grande desafio tecnológico.
O sexto pilar é o da Bioenergia, onde os digestores de biogás para residências e vilas forneceriam energia limpa para 500 milhões de famílias até 2030. Também os biocombustíveis terão aumento significativo, face a utilização na navegação e na aviação.
E o sétimo pilar é o de sequestro e armazenamento de carbono (CCS), onde a AIE determina que 95% do CO2 capturado em 2050 terá armazenamento geológico permanente e 5% para combustíveis sintéticos. E aponta que a captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) é importantíssimo para a fabricação de cimento.
Ora, as arvores fazem isto naturalmente. Então basta que o Brasil estabeleça um plano estratégico para combater o desmatamento ilegal, promovendo a regeneração natural da floresta.
Com 85% de sua matriz energética fundamentada em fontes renováveis de energia, o Brasil tem tudo para ser o líder da transição energética para a economia de baixo carbono, bastando para isso atrair novos projetos de energia eólica e solar, aproveitamento do Gás Natural na Amazônia e do Pre-Sal, na geração de centrais térmicas. Também liderar a utilização do hidrogênio.
A matriz elétrica brasileira 64% vem das hidroelétricas e 11% das térmicas. Isto deverá ser alterado para 2030 respectivamente para 52% e 22%, e outras fontes 26%, aqui incluídas a energia eólica, solar, a geração distribuída, e o hidrogênio.
O Governo Federal acaba de editar uma Resolução do CNPE que propõe até julho deste ano devem ser estabelecidas as diretrizes gerias de um programa nacional de hidrogênio.
E o petróleo se reservará para utilização nobres e a fabricação de asfalto, parafinas, lubrificantes, solventes, entre inúmeros outros produtos. As Refinarias deverão ser focadas em produtos petroquímicos, e com práticas voltadas para o meio ambiente, sustentabilidade e competitividade.
Estamos diante de grandes desafios e de grandes oportunidades.
Sobre o autor: Ronald Carreteiro, MSC. é engenheiro e professor. Ex-Diretor de Gás Natural e Alternativos Energéticos da Petrobras Distribuidora. Diretor da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena) Presidente da RONA ASSESSORIA/ rpc@openlink.com.br
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