Artigo

A revolução digital e o papel da educação e de novas políticas para o trabalho, por Cadu Pereira e Marcello Caldas Bressan

Redação TN Petróleo/Assessoria
06/06/2022 11:16
A revolução digital e o papel da educação e de novas políticas para o trabalho, por Cadu Pereira e Marcello Caldas Bressan Imagem: Divulgação Visualizações: 1280 (0) (0) (0) (0)

No recente relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial “The Future of Jobs – 2020" foi evidenciado um cenário com a tendência de forte transformação no mercado de trabalho até 2025, dentro do contexto da revolução digital, acelerado pela pandemia de Sars-Covid19, apontando para  números como: 43% dos negócios planejam diminuir sua força de trabalho por meio da integração tecnológica e, até 2025, o tempo gasto para executar as tarefas será igualmente distribuído entre trabalhadores humanos e máquinas.

Segundo este mesmo relatório, há uma estimativa de até 85 milhões de empregos no mundo serem impactados por uma mudança na divisão de trabalho entre humanos, algoritmos e máquinas e, por outro lado, a criação de 97 milhões de novos empregos em papéis mais adaptados a esta nova divisão de trabalho. No entanto os novos empregos que estão sendo criados demandam dos trabalhadores novas habilidades como análise de dados, pensamento crítico, habilidades para resolução de problemas, autogestão, aprendizagem ativa e criatividade.

A utilização de algoritmos e robôs, por exemplo, expõem a sociedade atual a um risco imediato de aumento na automação de tarefas e destruição de empregos, devendo haver, portanto, políticas que garantam investimentos em capital humano, que desenvolvam rapidamente as capacidades complementares ao uso de robôs e inteligência artificial, tanto no sentido de formar capacidades em áreas em que a automação não alcança, como também as capacidades de concatenar a colaboração entre pessoas e máquinas ou software para a execução de trabalhos. O pré-requisito chave para a formação destas capacidades é a educação, tanto antes da entrada do trabalhador no mercado de trabalho, quanto ao longo de toda sua vida profissional.

Segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o déficit de profissionais na área pode chegar, no Brasil, a 260.000 vagas em aberto, até 2024, evidenciando que a capacitação das pessoas não está ocorrendo na velocidade e quantidade suficientes para suprir as necessidades dos negócios. Por outro lado, a taxa atual de desemprego no País está em 12,9 milhões de pessoas. Mesmo com investimentos massivos, com a estrutura atual, não há como reverter rapidamente este quadro que compromete tanto o emprego e renda quanto a competitividade das empresas ao não conseguirem ser atendidas em suas novas necessidades.

Nesse contexto, a educação deve se transformar profundamente refletindo as exigências modernas de adaptabilidade e flexibilidade. As políticas públicas devem garantir que a qualidade da educação seja medida e ajustada na direção da alta qualidade e criar oportunidades para as pessoas e as empresas agirem ativamente na obtenção de treinamentos e novas habilidades.

Um cenário bem positivo que a revolução digital torna factível seria o governo, em cocriação com empresas e trabalhadores, construir ferramentas que tragam previsibilidade de tendências de surgimento de novas ocupações emergentes e quais habilidades são requeridas, possibilitando a adaptação de todos os atores às novas necessidades no timing correto.

Políticas no sentido de estimular as empresas a formarem (aprender a fazer) profissionais para preencherem suas próprias necessidades também fazem sentido, uma vez que podem trazer mais eficiência ao sistema educacional, com formações e conteúdos mais específicos e adaptados às práticas dos negócios, complementando o sistema educacional geral com sua missão formativa básica, educação para a cidadania, sustentabilidade e o mais importante, aprender a aprender.

Melhorar o capital humano e as habilidades dos trabalhadores também é uma condição necessária, mas não suficiente, para a criação e manutenção de empregos abundantes e de alta qualidade. Para evitar que a revolução digital gere desemprego ou torne as carreiras instáveis e fadadas à baixa remuneração, é fundamental combater a disfuncionalidade e ineficiência do mercado de trabalho.

As políticas públicas devem estar direcionadas a remover as barreiras à geração de empregos e investimento, apoiar inovação e crescimento, aumentar a segurança jurídica nas relações trabalhistas, promovendo o equilíbrio entre a flexibilidade do mercado de trabalho e a segurança do emprego para os trabalhadores, além de simplificar e melhorar as regulamentações trabalhistas de modo a torná-las mais simples e eficientes.

Um outro aspecto diz respeito a facilitar a criação e financiamento de startups, estimulando a abertura de novos negócios, oportunizados pela revolução digital, além de organizar e estimular a formação de ecossistemas de empresas que podem atuar em rede, ampliando seu alcance no mercado com capacidades complementares, aproveitando as novas oportunidades criadas como consequência à revolução digital.

Sobre os autores: Cadu Pereira é head de Inovação para a vertical de Governo da Stefanini Brasil e Marcello Caldas Bressan é head de Inovação para Futuros e Novas Abordagens da Stefanini Brasil

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Combustíveis
Etanol registra alta na última semana de julho, aponta C...
04/08/25
Contratos
Oil States consegue novos contratos com a Petrobras
01/08/25
Santa Catarina
SCGÁS garante fornecimento de gás natural em Santa Catarina
01/08/25
Gás Natural
Algás amplia a interiorização do Gás Natural com rede pi...
01/08/25
Energia Elétrica
ONS divulga resultado do 2º Mecanismo Competitivo para c...
01/08/25
Gás Natural
Gasmig reduz tarifas de gás natural para indústrias e ve...
01/08/25
Evento
O principal congresso de END & Inspeção da América Latin...
01/08/25
Brasil
Governo Trump isenta petróleo e derivados de nova tarifa...
01/08/25
Combustíveis
ANP retoma Programa de Monitoramento da Qualidade dos Co...
01/08/25
Evento
Conferência Internacional de Energias Inteligentes acont...
01/08/25
Pré-Sal
MODEC celebra 15 e 10 anos dos FPSOs MV20 e MV26
31/07/25
Biodiesel
Produção de biodiesel em MT sobe 4,64% em junho no compa...
31/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Sergipe Oil & Gas 2025 reforça protagonismo do estado na...
31/07/25
Acordo
Assinado acordo de leniência com empresas de energia e i...
31/07/25
Evento
Congresso da FIEE debate segurança energética em cenário...
31/07/25
Rio Grande do Sul
Sindienergia-RS e Países Baixos fortalecem conexões para...
30/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Comquality é destaque em Painel sobre segurança de Proce...
30/07/25
Evento
Fenasucro & Agrocana promove debates sobre o futuro da m...
30/07/25
Resultado
Produção de petróleo e gás natural da Petrobras aumenta 5%
30/07/25
Refino
Com investimento de R$ 490 milhões, Refinaria de Cubatão...
30/07/25
Firjan
Em Brasília para tratar do tarifaço, Firjan se reúne com...
30/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22