Professor da USP recebe prêmio de uma das principais fundações de pesquisa do mundo

17/12/2025 14:29

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Quando abriu o e-mail logo cedo, em uma manhã comum de trabalho, o professor Francisco Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, não imaginava que encontraria uma das notícias mais marcantes de sua carreira. Entre mensagens de rotina, estava ali a carta oficial da Fundação Alexander von Humboldt, da Alemanha, anunciando que ele havia sido selecionado para receber o Prêmio Friedrich Wilhelm Bessel 2025.

A honraria reconhece pesquisadores de todo o mundo que se destacam em diversas áreas do conhecimento e prevê apoio financeiro para que o cientista passe um período prolongado  na Alemanha para realizar pesquisa, desenvolvendo novos projetos e visitando diferentes instituições. Além disso, ao ser premiado, o professor passa a integrar oficialmente a comunidade científica da Fundação Humboldt, o que abre portas para futuros financiamentos. "Fiquei bastante surpreso porque achei que minhas chances eram mínimas. É uma premiação muito concorrida", conta.

A indicação para que ele concorresse ao prêmio partiu da professora Christiane Tielmann, da Aschaffenburg University of Applied Sciences, com quem Francisco mantém colaboração desde 2011. "Fiquei feliz não só pelo prêmio, mas porque isso beneficia todo o ICMC. Agora posso solicitar recursos para equipamentos e projetos a uma fundação extremamente reconhecida internacionalmente", destaca. Foi também a primeira vez que a universidade alemã de Aschaffenburgo teve um indicado premiado. "Eles também ficaram muito felizes com a conquista", acrescenta.

Como funciona a premiação  A honraria, que leva o nome do astrônomo e matemático alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), é oferecida a pesquisadores estrangeiros de renome internacional cujos trabalhos influenciam diretamente suas áreas. Para ser indicado, é preciso ter desenvolvido algum projeto ou trabalho na Alemanha e ser recomendado por pesquisadores estabelecidos em instituições de pesquisa alemãs.

Francisco esteve duas vezes no país germânico: a primeira em 2006, quando era aluno de doutorado e visitou o Max Planck Institute for the Physics of Complex Systems; e a segunda em 2018, quando foi pesquisador visitante no Potsdam Institute for Climate Impact Research e na Aschaffenburg University of Applied Sciences.

Para o professor, três elementos pesaram na escolha do seu nome: sua dedicação em prol da formação de recursos humanos e do aprimoramento didático, seu compromisso com a divulgação científica e sua relevante produção científica. Ao longo de sua trajetória, Francisco orientou estudantes que hoje ocupam posições de destaque em universidades e empresas de ponta, como Universidade de Harvard, Google e Microsoft. "Isso foi mencionado explicitamente na carta de recomendação. Eles dão muito valor à formação de novos pesquisadores", explica.

O professor também mantém um canal no YouTube com mais de 15 mil inscritos e publica regularmente textos sobre ciência na plataforma Medium: "Fiquei muito feliz com esse reconhecimento, porque o ensino é algo que sempre buscamos valorizar. É uma dimensão essencial do nosso trabalho".

Além disso, as pesquisas desenvolvidas por Francisco têm um impacto social relevante. Em parceria com pesquisadores alemães, Francisco desenvolve métodos computacionais que utilizam inteligência artificial para avançar no diagnóstico de transtornos mentais, como Alzheimer, autismo, esquizofrenia, Parkinson e depressão. "Tradicionalmente, esse diagnóstico depende muito da experiência clínica. Nós buscamos criar métodos baseados em imagens de ressonância magnética que possam oferecer medidas objetivas. São resultados que realmente poderão transformar vidas", afirma.

Além da área médica, o grupo de pesquisa trabalha com problemas que impactam diretamente a sociedade, como previsão de epidemias, análise de crises econômicas, modelagem de eventos climáticos extremos e estudos sobre aquecimento global. "Os sistemas complexos nos ajudam a compreender as grandes questões da atualidade: clima, epidemias, crises econômicas, transtornos mentais. São problemas reais da humanidade. E essa relevância aparece no reconhecimento internacional", explica Francisco.

Ele é o segundo docente do ICMC a conquistar esse reconhecimento. Em 2022, o professor Tiago Pereira recebeu o mesmo prêmio. Anualmente, a Fundação concede cerca de 20 prêmios a pesquisadores que tenham obtido o doutorado há, no máximo, 18 anos.

 

Neste ano, o professor do ICMC também havia sido eleito um dos cientistas mais influentes do mundo em ranking elaborado pela Universidade de Stanford (EUA) em parceria com o grupo editorial Elsevier. Rodrigues foi chefe do Departamento de Matemática Aplicada e Estatística do ICMC e é editor de revistas científicas internacionais, de livros e periódicos científicos de prestígio.

 

Saiba mais
Acesse o site da Fundação Humboldt: humboldt-foundation.de
Assista ao canal do professor Francisco no Youtube: youtube.com/@FranciscoRodrigues
Leia os conteúdos publicados pelo docente: francisco-rodrigues.medium.com
Site do docente: https://sites.icmc.usp.br/francisco
Leia a matéria sobre quando o professor Tiago Pereira recebeu a honraria: https://www.icmc.usp.br/noticias/5779-tiago-pereira-recebe-premio-da-fundacao-alexander-von-humboldt

Texto: Gabriele Maciel, da Fontes Comunicação Científica

Fonte: Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC

Imagem: arquivo pessoal

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