Pessoas com TDAH podem parecer menos inteligentes, mas não são

15/05/2025 11:01

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É possível ser altamente inteligente e, ainda assim, parecer distraído, impulsivo e até incoerente em uma conversa. Para o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências, especialista em genômica comportamental e presidente da ISI Society, sociedade internacional de alto QI, a resposta está em uma falha específica na forma como o cérebro processa a informação em pessoas com TDAH.

Segundo ele, o que se observa não é uma deficiência intelectual, mas um desvio funcional no uso da memória de trabalho, uma das engrenagens mais críticas do raciocínio lógico. "A pessoa com TDAH tem uma inteligência preservada, muitas vezes acima da média, mas responde antes de raciocinar de forma completa. Ela não percorre todo o circuito necessário para processar a informação com profundidade, o que compromete a resposta final", afirma.

Na prática, isso significa que o indivíduo antecipa suas respostas, sem acionar adequadamente as conexões entre o córtex pré-frontal e as áreas associativas que organizam a lógica da linguagem, da memória e da inferência contextual. É como se o cérebro fosse rápido demais em reagir, mas incompleto na elaboração. "A resposta vem da impulsividade, não da lógica. Não é burrice, é velocidade mal distribuída na rede cognitiva", explica o neurocientista.

Essa característica é amplificada quando se trata de pessoas com dupla excepcionalidade, ou seja, aquelas que têm transtornos como o TDAH e, ao mesmo tempo, habilidades intelectuais muito acima da média. Em projetos como o GIP (Genetic Intelligence Project), coordenado por Dr. Fabiano de Abreu, foram identificados padrões genéticos que sustentam esse paradoxo.

Entre os achados, estão variações em genes como SNAP25 e DRD4, associados à impulsividade, e alterações no processamento dopaminérgico que impactam diretamente a memória de trabalho. "Os dados genéticos confirmam o que vemos no comportamento: o cérebro é capaz, mas há um "curto-circuito" no tempo entre o pensar e o responder", destaca.

Dr. Fabiano de Abreu alerta que esse fenômeno gera interpretações equivocadas tanto em ambientes escolares quanto profissionais. "Quando um professor ou gestor avalia a resposta imediata como espelho da inteligência, ele está cometendo um erro metodológico. É necessário avaliar a estrutura do raciocínio e não apenas sua forma expressiva. Também deve ser levado em consideração a criatividade nessas pessoas que tendem a ser alta, incompatível até mesmo com as notas escolares regulares", defende.

Para ele, a ciência já oferece instrumentos para mudar esse paradigma. A integração entre neurociência e genômica permite entender não só o que a pessoa pensa, mas como ela pensa e por que pensa assim. "Julgar inteligência sem considerar o funcionamento da memória de trabalho é o mesmo que julgar um carro potente por um erro de marcha", compara.

O neurocientista também faz um apelo: que se reconheça a diversidade dos modos de pensar como parte da riqueza cognitiva da humanidade. "A genialidade pode ser silenciosa, confusa ou impulsiva. Às vezes, só precisamos mudar a forma de ouvir para enxergar o que está por trás da resposta", conclui.

 

 

Sobre o especialista:
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é pós-PhD em Neurociências, especialista em genômica do comportamento, membro de instituições como a Society for Neuroscience (EUA), Royal Society of Medicine e Royal Society of Biology (Reino Unido), The European Society of Human Genetics em Vienna, Austria e presidente da ISI Society, sociedade internacional de alto QI. Atua como pesquisador no Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH) e coordena o projeto Genetic Intelligence Project (GIP).

 

Fonte: assessoria

Imagem: divulgação

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