Muito além do diploma: a pós-graduação como motor de mudança social

12/05/2025 17:05

(0) (0) (0) (1) Visualizações: 284

A pós-graduação no Brasil tem se consolidado não apenas como um espaço de formação acadêmica, mas também como um verdadeiro instrumento de transformação social. Pesquisas apontam que programas stricto sensu têm gerado impactos significativos em comunidades vulneráveis ao ampliar o acesso ao conhecimento e à produção científica, como mostra um estudo do Instituto de Estudos Avançados da USP.

À frente desse movimento está Isa Sara, educadora e mentora acadêmica. Ela tem se dedicado a derrubar barreiras que afastam tantos brasileiros da pós-graduação, seja por desconhecimento do processo seletivo, seja por inseguranças criadas ao longo da vida escolar. “Vejo no mestrado uma ferramenta concreta para inclusão e reconhecimento. Não se trata apenas de um título, mas de acesso a novos espaços e oportunidades”, afirma.

Isa observa que ainda há uma visão limitada sobre quem pode ocupar esses lugares. “Muitos ainda associam o mestrado à figura do jovem pesquisador altamente técnico, mas a realidade mudou. Hoje, vemos professores, gestores e especialistas, muitas vezes com décadas de experiência, que enxergam na pós-graduação uma forma de potencializar sua atuação. Eles não estão começando do zero, estão ampliando horizontes”, explica.

Ela mesma simboliza essa transformação. Vinda da Bahia, mudou-se para Brasília em busca de oportunidades. Iniciou a trajetória acadêmica em condições modestas e, com esforço, concluiu o mestrado, ingressou no doutorado e realizou parte de sua pesquisa na Europa. “Essa vivência foi um divisor de águas. Quando percebi o quanto minha vida havia mudado com a educação, entendi que precisava levar isso a mais gente.”

Foi a partir dessa percepção que nasceu o “Mestrado Aprovado”, método criado por Isa para preparar candidatos com perfis diversos para as seleções de programas stricto sensu. O projeto já ajudou milhares de brasileiros a conquistar a aprovação em instituições públicas e privadas, nas mais variadas áreas do conhecimento. Para ela, esses resultados vão além da estatística: representam histórias de transformação real.

Isa se emociona ao relembrar casos como o de Silvane Friebel, ex-aluna e hoje doutoranda. “Silvane é um símbolo da força da educação. Começou com muitas dúvidas, mas acreditou em si mesma, se preparou e hoje trilha uma trajetória brilhante na pesquisa. A reencontrei recentemente em um evento acadêmico, e foi muito especial. Ela é ouro da casa. Sua história mostra o que pode acontecer quando alguém acredita no próprio potencial”, conta.

Outro exemplo é o de Gisvaldo, filho de ribeirinhos do interior da Bahia. “O mestrado transformou completamente sua realidade. Ele passou a atuar em outras frentes, ampliou sua voz dentro da própria comunidade e hoje gera impacto direto na vida de quem convive com ele. São histórias reais que mostram que a pós-graduação é também sobre justiça social”, afirma Isa.

No entanto, o caminho até o diploma ainda apresenta entraves importantes. Entre os principais, Isa destaca a dificuldade com tecnologias básicas — especialmente entre candidatos mais velhos — e a ausência de familiaridade com a escrita acadêmica. “Essas pessoas têm muito conteúdo, mas não foram ensinadas a escrever projetos, artigos ou pareceres científicos. É uma linguagem à qual poucos têm acesso, e isso afasta excelentes profissionais”, explica.

Para garantir que esses novos perfis não apenas ingressem, mas também avancem e se mantenham na pós, Isa aposta no suporte emocional e na construção de confiança. “Antes de qualquer aula, é preciso romper a crença de que certos espaços não são para eles. Muitos candidatos não se veem como possíveis mestres ou doutores. Meu trabalho é mostrar que eles pertencem, que suas experiências são valiosas. O conhecimento técnico se ensina, já a coragem, construímos juntos.”

Isa acredita que o Brasil vive um momento de ruptura na produção de conhecimento. “Não se trata mais de quem domina outra língua ou tem dezenas de publicações. A virada está em valorizar quem viveu, quem atuou em campo, quem contribuiu com a sociedade e agora deseja sistematizar esse saber. É uma revolução silenciosa  e urgente, que está em curso.”

Ela aponta ainda para outra mudança importante: a valorização de habilidades socioemocionais no ambiente acadêmico. “O sucesso não está mais atrelado exclusivamente ao raciocínio lógico, que hoje pode ser facilmente substituído por inteligência artificial. Destacam-se aqueles que sabem dialogar, colaborar e gerar impacto. A pós-graduação precisa reconhecer isso, e já começou a fazê-lo.” conclui Isa Sara.

Fonte: assessoria

Imagem: divulgação

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22