Energias renováveis

Grupo de energia limpa NextEra ultrapassa ExxonMobil em valor de mercado

Redação/Boletim SCA
05/10/2020 13:55
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A maior geradora de energia solar e eólica do mundo ultrapassou a ExxonMobil em valor de mercado, refletindo as apostas dos investidores numa mudança do sistema energético e perspectivas incertas para a demanda por petróleo.

A NextEra Energy, uma geradora de energia e empresa de serviços públicos da Flórida, registrou um valor de mercado de US$ 138,6 bilhões durante os negócios no mercado de ações nesta sexta-feira. Mais de dois terços desse valor ela obteve nos últimos dois anos, segundo a S&P Global Market Intelligence.

A ExxonMobil, um sinônimo das maiores empresas de petróleo do mundo e que já foi a maior empresa de capital aberto do planeta, perdeu mais da metade de seu valor desde o começo do ano. O valor de mercado está em US$ 137,9 bilhões, sendo que o pico foi de US$ 500 bilhões em 2007.

A ascensão da NextEra e o declínio da ExxonMobil refletem o colapso no consumo de petróleo na pandemia, a ascensão dos recursos renováveis nas redes elétricas e o desejo dos investidores por retornos firmes num momento de juros baixos.

"Estamos vendo uma demanda enorme por energias renováveis no momento", disse na quarta-feira Jim Robo, presidente-executivo da NextEra, durante uma entrevista com um analista da Wolfe Research.

InstitucionalAs duas companhias funcionam em segmentos diferentes do sistema de energia. Cerca de 70% da receita da NextEra vem das empresas de serviços públicos de eletricidade da Flórida, cujos retornos são aprovados pelas autoridades reguladoras. O restante vem de uma divisão que vende energia em mercados atacadistas competitivos e é a principal geradora de eletricidade a partir do vento e do sol, segundo a própria companhia.

A ExxonMobil é uma produtora de petróleo e gás que foi pega pelo "crash" dos preços do petróleo. A companhia sediada no Texas perdeu US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre do ano e recentemente foi removida do índice de ações Dow Jones Industrial, o barômetro das ações "blue-chips". Suas ações caíram 2% nesta sexta-feira, depois que o preço do petróleo Brent caiu abaixo de US$ 40 o barril, para o menor patamar em quatro meses.

A ExxonMobil, que tem raízes na Standard Oil de John D. Rockefeller, tem 74.000 funcionários e atividades em todos os continentes, com exceção da Antártica. A NextEra, fundada na década de 20 na Flórida, tem menos de 15.000 funcionários e opera nos EUA e no Canadá.

Os investidores correram para a NextEra principalmente por causa de seu envolvimento com as energias renováveis, segundo Paul Patterson, analista da Glenrock Associates.

"As pessoas estão entusiasmadas com as energias renováveis e a transformação que está acontecendo no setor energético, e elas sentem que ela provavelmente é uma das companhias americanas mais bem-posicionadas para aproveitar essa oportunidade", disse Patterson.

A NextEra anunciou um lucro líquido de US$ 1,7 bilhão para o primeiro semestre do ano e disse que os clientes no atacado contrataram 14,4 gigawatts de capacidade de geração de energias renováveis, quase o triplo da quantidade de dois anos atrás. A companhia aumentou suas orientações de lucro e anunciou em setembro um desdobramento de ações na proporção de quatro por uma.

Mas ela não é uma empresa voltada apenas para as energias renováveis, seja na geração de energia no atacado, seja no lado da prestação de serviços públicos. Suas unidades de serviços públicos dependem muito dos combustíveis fósseis para a geração de energia -- a Florida Power & Light gerou 74% de sua eletricidade do gás natural -- e têm se beneficiado porque produtores como a Exxon Mobil descobriram muito gás em formações de xisto, o que reduziu os preços para geradoras de eletricidade como a NextEra.

Os créditos fiscais federais para projetos de energia eólica e solar também reforçaram os lucros da NextEra, uma vez que a companhia vem conseguindo compensá-los contra os passivos fiscais das operações de serviços públicos e as de geração de energia para o atacado, diz Michael Weinstein, analista do Credit Suisse.

Em uma apresentação a investidores a NextEra apontou para um futuro mais difícil para o gás. Incluindo o custo de baterias para o armazenamento de eletricidade, a energia solar deverá ser tão barata quanto a geração por gás até a metade da década, batendo nos US$ 30 -- US$ 40 megawatt-hora, e a armazenagem de energia eólica deverá custar de US$ 20 a US$ 30 o megawatt-hora.

A NextEra também anunciou um projeto-piloto para o uso de energia solar na produção de hidrogênio. "É um combustível que substituirá o óleo diesel", disse Robo.

Perguntado se as grandes companhias de petróleo são potenciais concorrentes ou compradores da indústria de energias renováveis, Robo disse que os investimentos intermitentes das grandes empresas de energia europeias resultaram em "alguns dos piores projetos que já vi" no setor.

"Não me preocupo com as grandes empresas de petróleo", disse Robo. "Para as grandes empresas americanas entrarem no negócio das energias renováveis, será preciso algum tipo de mudança tectônica em seu pensamento. Não consigo imaginar isso, honestamente. Acho que vai demorar para as grandes empresas de petróleo dos EUA entrarem no negócio das energias renováveis."

Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, a NextEra procurou a Duke Energy, um empresa de serviços públicos da Carolina do Norte avaliada em US$ 66 bilhões, com uma proposta de fusão. A Duke rejeitou a proposta mas deixou a porta aberta para discussões posteriores.

A NextEra e a ExxonMobil não responderam a pedidos para comentários e a Duke não quis comentar.

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