Shell e FAPESP investem R$ 63 milhões para o desenvolvimento de inovações que possibilitem mitigar as emissões de GEEs, capturar e estocar carbono e transformar CO2 em produtos de alto valor agregado.
Redação TN Petróleo/AssessoriaA Shell e a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) irão investir R$ 63 milhões (R$ 51 milhões pela empresa e R$ 12 milhões pela fundação) para alavancar um plano ambicioso de tornar a ciência brasileira uma referência internacional no apoio às estratégias dos setores público e privado de combate às mudanças climáticas. O beneficiário deste aporte de recursos será o FAPESP Shell Research Centre for Gas Innovation – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) com sede na Universidade de São Paulo (USP) que até então investigava o uso sustentável de gás natural biogás, hidrogênio; gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2.
A partir de agora, as pesquisas do RCGI passam a ser focadas em inovações que possibilitem ao Brasil atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris, no âmbito das NDCs – Nationally Determined Contributions. "Para este desafio, sabemos que não bastam soluções que reduzam as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). É preciso ir além: capturar e armazenar carbono; transformar CO2 em matéria-prima para a indústria química; e superar gargalos de mercado, de regulação e de percepção pública", destaca o diretor geral e científico do RCGI, Julio Meneghini (foto). "É neste cenário que iremos atuar com nossos projetos", resume.
Para Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, a ampliação do escopo de pesquisa direciona o RCGI para investigações relacionadas não apenas ao uso sustentável de energia, mas também às mudanças climáticas. "O combate às causas das mudanças climáticas globais é um importante desafio da humanidade, assumindo a posição de principal meta de todos os países, à medida que a ameaça da pandemia de COVID-19 se reduz", sublinha.
O vice-diretor geral do RCGI, Alexandre Breda, executivo da Shell, também destaca que parte dos novos desafios do RCGI vai ao encontro das estratégias globais da empresa, que pretende ser neutra em carbono até 2050. "Além de um time excelente de cerca de 400 pesquisadores, hoje o centro tem um grau de maturidade e de organização que o habilita enfrentar desafios complexos", afirma.
Inovações disruptivas – Com a mudança de foco, o nome do RCGI passa a ser Research Centre for Greenhouse Gas Innovation, mantendo a mesma sigla. O centro também passará a ter cinco novos programas: NBS (Nature Based Solutions); CCU (Carbon Capture and Utilization); BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage); GHG (Greenhouse Gases) e Advocacy. Os cinco programas articulam 19 projetos de pesquisa, vários deles com potencial para serem disruptivos.
O programa NBS, por exemplo, buscará soluções para promover o sequestro de carbono na vegetação e no solo com projetos de reflorestamento de espécies nativas, de restauração de pastagens degradadas, de sistemas integrados lavoura-floresta-pecuária. Também apoiará a prestação de serviços ecossistêmicos, além de dar suporte para a elaboração de políticas públicas e incentivar o bem-estar social.
Trilhar novas rotas químicas, biológicas ou eletroquímicas, transformando CO2 em matéria-prima para a indústria química, está no escopo do programa CCU. Outra proposta inovadora é a aplicação da tecnologia de captura e armazenamento de carbono para a indústria de bioenergia, o que está previsto no programa BEECS. Nesse caso, o desafio será obter uma pegada negativa de carbono na cadeia de bioenergia, o que colocaria o Brasil na liderança mundial desse combustível.
Já o programa GHG trabalhará para encontrar meios de trazer maior confiabilidade no inventário de emissão de gases de efeito estufa do Brasil, além de desenvolver novas tecnologias para contê-las. "De nada adianta termos produtos e processos economicamente viáveis, com pegada zero de emissão, se não tivermos créditos de carbono de qualidade para comercializá-los", ressalta Meneghini. "Além disso, será necessário avaliar a viabilidade de cada um dos projetos em termos econômicos, jurídicos e sociais, a fim de desenvolver estratégias e apresentá-los aos grupos de interesse, o que caberá ao programa Advocacy."
Para Meneghini, o Brasil está em posição estratégica e de vantagem no cenário mundial: possui uma matriz energética relativamente limpa; setores industriais que permitem a captura de CO2 com alta eficiência; e uma agricultura de larga escala, podendo se firmar como um grande sorvedouro de CO2. "O País também possui reservatórios geológicos propícios para estocagem de carbono, e já estamos desenvolvendo tecnologia para fazê-lo", finaliza.
Sobre o RCGI – Sediado na USP, o Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) foi criado em 2015 como um Centro de Pesquisas em Engenharia financiado pela FAPESP e pelo BG Group. Em 2016, após a venda do BG Group, a Shell tornou-se parceira oficial do centro. Em 2020, contava com cerca de 400 pesquisadores atuando em 46 projetos de pesquisa focados em estudos avançados no uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogénio, gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2. Saiba mais em: https://www.rcgi.poli.usp.br/pt-br/
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